quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Capítulo 18 - Mutirão (parte 1)


As duas amigas acordaram cedo. O grupo de jovens tinha combinado de fazer um mutirão para ajudar uma senhora a limpar a casa. Não era só limpar a casa, também o terreno todo. Eles iriam cortar a grama, pintar a casa de madeira, plantar flores, construir um canil no canto do terreno para o cachorro e ainda tinham algumas outras coisas pra fazer. Pontualmente as oito horas elas estavam na casa de Felipe e Karina, de onde iriam sair. É claro que nem todos foram tãp pontuais e eles acabaram saindo com 20 minutos de atraso. Não era muito longe por isso resolveram ir a pé. Assim também seria um poço mais fácil de levar o carrinho de mão com as ferramentas, pincéis, tintas e tudo que iriam precisar.
            Quando chegaram lá Dona Amélia veio os receber feliz da vida. Não era sempre que recebia visitas, ainda mais de um grupo tão grande! Ela mostrou tudo a eles e Felipe separou as equipes para começarem o trabalho. Ângela, Larissa e Gabriela ficaram responsáveis por ajeitar a casa por dentro.
            Elas começaram varrendo a casa e passando um pano em tudo. Até que Rafael e Thomas entraram para ajeitarem algumas coisas. Eles foram para os quartos para reparar algumas coisas. O trio que estava arrumando a sala enquanto isso já estava quase pronto. Elas estavam exaustas. Parecia que a casa já não fora feita uma faxina geral na casa há meses. Larissa disse que poderia terminar o resto sozinha, já que faltava apenas limpar os sofás.  
            - Com licença. Será que posso trocar as lâmpadas aqui? – falou Rafael, esperando com uma escada e uma cestinha com ferramentas e lâmpadas.
            -Claro! Só tome cuidado para não sujar nada. Isso aqui deu muito trabalho!
            - É, imagino. Você pode me ajudar a empurrar o sofá um pouquinho?
            Enquanto ele trocava a lâmpada, ela começava a limpar o último sofá. Esse parecia extremamente sujo e empoeirado. Larissa não sabia se era só a imaginação dela, por causa da exaustão ou se ele realmente estava tão sujo mesmo. Primeiro ela tirou todas as almofadas e as levou para um canto. Rafael já tinha trocado a lâmpada parou no meio da escada e por alguma coisa olhava para ela, os dois olhares se encontraram. De repente o olho dele ficou arregalado.
            - O que foi?
- Não e mexa. Ele falou descendo da escada e vindo em direção a ela. Ele falou com um toma tão autoritário que ela se recusou a desobedecer. Pelo olhar dele ela percebeu que tinha alguma coisa errada e começou a ficar com medo. Por que ele tinha falado isso? Será que ele tinha falado isso por causa de algum bi... Ela olhou em volta e viu uma aranha andando pelo sofá. Ela tinha pavor de aranhas. Qualquer animal ela podia ver e talvez até matar. Mas aranhas ela detestava. A aranha sumiu novamente para dentro do sofá deixando-a aliviada. Ela ia se mexer novamente, mas Rafael falou para ela não se mexer. Agora sim ela começou a ficar preocupada. Se aquela aranha não era o problema, o que seria então? Viu o rapaz colocando uma sacola envolta da mão dele. Ia perguntar o que estava acontecendo quando viu o motivo disso tudo, ele ou ela estava em cima do ombro direito dela. Era uma aranha, não muito grande, mas não deixava de ser uma aranha.
- Rafaeeel, socorro. Tira esse negocio daqui. Ajuda-me já.
- Calma Lari. Se você não se mexer ela não vai fazer nada.
- Rafael! Tira esse negócio daqui. Vai logo. Ele foi se aproximando lentamente e em um movimento certeiro tirou ela de lá.
- Pronto Lari! Já passou. – Ela não escutava o que ele estava falando. Sentiu as pernas tremendo. – Você está bem?
- Eu... – ela quase tombou para o lado. Se não fosse por ele. Ela a pegou pelos braços e a levou até o sofá limpo. – Eu, eu...
- Calma, não precisa falar nada. Está tudo bem.
Os dois ainda ficaram lá sentados por dois minutos. Ele a abraçava dizendo que estava tudo bem até que ela se acalmou.
- Desculpa.
- Não precisa pedir desculpas por nada.
- Obrigada. Eu tenho pavor de aranhas. Eu fui picada por uma há uns sete anos e eu não percebi na hora. Meu braço começou a inflamar. Quase tiveram que amputar ele.
- É, você tem direito de ter medo de aranhas.
- Obrigada, gentil senhor por me conceder esse direito!
Os dois riram. O susto dela tinha passado. Nem perceberam que havia mais alguém na sala.
- Muito bem, muito bem! O que vocês estão fazendo aqui? Eu achei que vocês deveriam estar trabalhando em vez de namorar.
- Vó? PO que você está fazendo aqui?
- Eu perguntei primeiro!
Nós nçao estamos fazendo nada, muito menos namorando. Eu tinha acabado de trocar a lâmpada e esla estava limpado o sofá. E então uma aranha subiu no ombro dela. Eu tirei e agora ela estava se acalmando.
- Muito bem Rafinha, que cavalheiro. Aprendeu direitinho!
- Vó! – ele falou para ela meio embaraçoso. É, as avós tem uma capacidade incrível de nos fazer passar por essas situações embaraçosas. E mesmo assim continuam sendo as pessoas mais queridas do mundo!
- E você querida? Como é o seu nome? Espere um pouco, eu acho que sei.- ela seu uma olhada significativa para o neto. E depois para a jovem que estava sentada na frente dele. -  Larissa! É esse o seu nome. Não é querida?
- É sim. Mas com a senhora sabia?
- Alguém vive falando de você pra mim! Eu já estava curiosa para te conhecer.
- Ah, é? Espero que não tenha escutado nada mal de mim!
- Claro que não! Só o melhor, na verdade nunca escutei ele falar tão bem de alguém pra mim com o falou de você!
Agora de vez que ele estava embaraçado!
- Vó, já deu né! – ela deu uma risadinha agradável e saiu em direção a porta. Quando passou por Larissa ela sussurrou no ouvido dela pra que ele não escutasse:
- Ele não fica bonitinho assim, toso envergonhado? Ele até corou!- as duas olharam para ele e começaram a rir. Rafael não entendendo nada corou ainda mais!
- Concordo com a senhora!
- Senhora não, me chame de Beth. E você – ela disse olhando para o “netinho” – trate de trabalhar!
Rafael até se esqueceu de perguntar o que Lea estava fazendo lá. Na verdade, ela ia morar lá. Ele não sabia disso ainda. Ela não queria mais morar na casa da filha e ela gostou da D. Amélia. As duas viviam fofocando e tomando chas juntas! E chegou uma hora em que as duas resolveram morar juntas. Assim ela poderia fugir um pouco da família e D. Amélia teria um pouco de ajuda em casa, já que ela não era a pessoa mais jovem. Na verdade já tinha 81 anos, mas ainda vivia como se tivesse 60.
Rafael ajudou Larissa a terminar de arrumas o sofá. Depois de a sala estar toda arrumada os dois perguntaram a Karina se precisavam de ajuda em mais alguma coisa. Ela disse que se quisessem poderiam ajudas as duas senhoras a terminar de fazer o almoço. Foi quando Rafael descobriu por que a sua avó estava lá. Não falou muita coisa desde então. Parecia meio no mundo da lua. Logo depois do almoço voltaram ao trabalho. Agora, Larissa, Gabriela e Ângela foram escaladas para arrumar e ajeitar o canteiro. Começaram a revirar a terra, jogaram adubo em cima e enquanto isso Mark e Jorge trouxeram as flores que tinham comprado no dia anterior.
Depois de duas horas finalmente terminaram. Ficou lindo! Plantaram as rosas ao longo da cerca recém pintada de branco, plantam lírios, amor-perfeito e margaridas. Sobraram dois lírios ainda e Larissa resolveu perguntar pra D. Amélia onde poderia colocá-los. No caminho cruzou com Beth.
- Onde você quer colocar essas flores?
- Eu estava justamente indo perguntar isso para D. Amélia.
- Nem precisa. Eu já sei. Tenho uns vasos que ainda estão vazios desde que mudamos para cá. Peça ao Rafael que vá com você pegá-los lá em casa. Ele pode te ajudar a escolher.
- Mas tenho que ficar aqui até terminarmos tudo.
- Não se preocupe, eu falo com Karina, vai lá.
- Tá, obrigada.
Ela foi chamar Rafael. Ele e o grupo já estavam quase terminando o canil. Felipe o liberou e os dois foram caminhando até a casa dele.
- Você me parece que está meio “fora do ar”, está tudo bem?
- Sim, só estou um pouco cansado do trabalho todo.
- Tem certeza?
- Sim! – na verdade não estava tudo bem. Mas ele se assustou com a pergunta. Ela foi bem direta, como se adivinhasse no que estava pensando, que ele estava preocupado. Resolveu falar, afinal com alguém tinha que falar e ele sabia que podia confiar na Larissa.
- A situação lá em casa não está lá muito boa. Desde que nos mudamos para Curitiba, minha avó parece que está agindo meio estranho. Parece que ela se fechou um pouco lá em casa. Quando a gente ia pra casa dela, ela era sempre tão alegre, nos recebia bem, nos divertíamos muito. Agora ela fica resmungando por aí, critica minha mãe e minha mãe também critica ela. Eu não sei por que ela quis sair de casa. A gente achou que seria mais fácil para ela se recuperar da cirurgia e do tratamento contra a catarata no olho dela se estivéssemos morando com ela para auxiliá-la.
- Ela já morou com vocês antes?
- Não. Ela morava perto de casa, mas não morou com a gente.
- Então pode ser que ela se sinta desconfortável na sua casa. Pode ser que ela não goste de voltar a essa época da vida. Sabe, ela já passou da fase de educar filhos, levá-los de um lado para outro, ter essa agitação e correria dentro de casa.
- Mas ela vinha bastante lá em casa, também ficava com a gente quando a minha mãe saía.
- Tá, mas isso eram algumas horas. Ela não entrava na rotina de vocês não precisava educar vocês. Isso é tarefa dos teus pais e se ela está lá, fica difícil intervir. Ela se sente presa e dependente, eu acho que ela não gosta muito disso. Ela precisa viver a vida dela.
- É, pode ser. Mas ela poderia ter conversado com a gente antes.
- Talvez ela achou que vocês iriam impedir ela de sair, convencer ela a ficar. Ela não quer magoar vocês, mas também não quer ficar na casa em que vocês estão.
- Eu não tinha pensado nisso. É, pode ser difícil mesmo para ela viver no meio da nossa correria.
- Deixem ela ir. Ela vai se sentir mais a vontade. E não se preocupe ela não vai abandonar vocês e provavelmente o relacionamento entre vocês vai até melhorar.
- Obrigado!
- Pelo quê?
- Por me escutar e me entender.
-De nada. É bom escutar de vez em quando.
Já estavam quase chegando a casa dele. O resto do caminho percorreram calados. Chegando lá, Rafael teve que procurar esses vasos primeiro.
- São lindos! – disse Larissa olhando para eles. Havia uns 15 vasos lá. De todas as formas e tamanhos. – Eu não sei qual escolher. É um mais lindo que o outro. Amei esse daqui.
Ela pegou um vaso tamanho médio de cerâmica na mão. O fundo era azul antigo e por cima havia pequenas orquídeas em relevo, pintadas delicadamente e branco e rosa. O vaso ainda tinha detalhes em dourado.
- Quer levar esse?
- Eu acho que não. Não combina muito com a pintura da casa e com os lírios amarelos.
- Que tal esses dois? – ele apontou para dois vasos marrom amarelo pintado com craquelê.
- Perfeito! Não sabia que você tem bom gosto!
- Culpa da minha vó!

Um comentário:

  1. Gostei deste capítulo principalmente no tocante às relações humanas em família. É bonito também ver as pessoas se unindo para ajudar, arrumar, a união é muito importante e motiva os irmãos em Cristo no sentido de ser um corpo só.

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