Quando voltavam para a casa iam caminhando em silêncio.
Lari estava pensando na carta que recebera da mãe. As lágrimas começaram a
rolar pelo rosto dela. Ela tentou disfarçar, mas Rafael percebeu.
- Eu acho que agora é a minha vez de escutar um
pouquinho, não é?
Ela sentiu o olhar dele nela. Ela precisava conversar
logo. Já tinha tentado conversar com Gabi na noite anterior, mas não queria
acabar com o bom-humor dela depois da conversa. Achou que poderia ignorar
aqueles pensamentos e sentimentos que passavam pela cabeça dela e nos quais ela
pensava a todo tempo. Ela começou a falar tentando segurar as lágrimas.
- Eu, eu recebi uma carta da minha mãe. – Ela n]ao
agüentou mais. Desabou a chorar. Rafael a pegou nos braços e abraçados ele a
levou para o banco na pracinha que estavam passando. Os dois ficaram lá
sentados e abraçados por alguns minutos até ela se acalmar.
- Me desculpe.
- Você não precisa se desculpar por nada. – Ele falou
isso com uma voz bem tranqüila e confortadora.
- A sua camisa. – ela disse apontado para a camisa dele
que estava molhada.
- Não tem problema, ela seca logo!
Larissa esperou mais um pouquinho e começou a falar
- Eu recebi uma carta da minha mãe. Tinha duas folhas lá
dentro. A primeira, tava escrita normalmente. Mas aí eu vi a segunda e tinha um
“X” na folha.
- Um xis?
- Sim, como se ela tivesse escrito e se arrependido
depois.
- E o que estava escrito nas folhas?
- Na primeira ela dizia que estava tudo bem, que sentia
saudades e que ela esperava que eu estivesse me divertindo bastante aqui, se eu
já achei algum gatinho, contou algumas fofocas de lá e no final ela escreveu
que não era pra eu me preocupar com eles lá, que estava tudo bem.
- E você não acreditou nesse último trecho?
- Se eu tivesse lido só essa folha sim. Mas eu li a
outra. – ela começou a chorar de novo e quando se acalmou continuou a história.
- Eu relutei um pouco pra ler, mas
acabei lendo. Minha mãe parecia desesperada. Ela contou que depois que eu vim
pra cá, a situação lá em casa piorou. Ela e meu pai não estçao se dando nada bem.
Antes eles já tinham seus problemas, mas de um jeito ou de outro agora, não tem
mais motivo para se darem bem. Antes eles tinham a mim em comum, por que a
paixão, a amizade de um pelo outro parece que acabou.
- A sua mãe escreveu tudo isso?
- Sim, não... – Rafael levantou uma das sobrancelhas como
se esperasse que ela explicasse essa contradição.- não tuo, algumas coisas eu
deduzi.
- Larissa. Olha pra mim. Nem comece a pensar que a culpa
é sua.
- Mas ela disse...
- Não importa o que ela disse. Você não tem culpa
nenhuma. O amor deles esfriou. Talvez por sua causa eles resolveram se agüentar
por mais um tempinho. E agora que você foi embora, eles não sabem amsi o que
fazer.
- Eu não quero que eles se separem. Eu amo eles.
- Eles também te amo, tenho certeza, mas pararam de amar
um ao outro.
- Mas eles prometeram diante de Deus que eles se amariam
enquanto vivessem. Eles prometeram.
- Nisso você tem razão. Mas as vezes é difícil cumprir
uma promessa.
- Mas eles tem que tentar. A promessa eles fizeram um
para o outro mais há 18 anos existe mais alguém na família deles. Eu. Eles tem
que pensar em mim.
- Eu tenho certeza que pensaram! – ela começou a soluçar
novamente e Rafael a abraçou consolando-a. – eu sei que pensaram em você. Vai
dar tudo certo!
Os dois ficaram sentados lá por mais uns minutos e
resolveram voltarpara casa de D. Amélia, e logo também de Beth! Cada um
carregava um vaso e chegando lá, colocaram as flores dentro e os arrumaram na
sala. As duas senhoras os observavam.
- Ficou lindo!
- Ficou mesmo!
- Os dois formam uma boa dupla, você não acha?
- Sim, uma dupla ou algo mais? - As duas senhoras deram
uma risadinha!
O resto do pessoal já tinha ido embora. Os dois se
despediram de D. Amélia e Beth e receberam ainda um chocolate das duas. Afinal,
não é pra isso que servem as avós?
Rafael levou Larissa para casa, no caminho os dois
conversavam animadamente sobre tudo o que lhes vinha à cabeça! Chegando ao
apartamento, se despediram com um sorriso. Larissa entrou no apartamento e foi
direto para a sua cama e ficou pensando no que acontecera durante o dia. Tinha
sido um dia em tanto! Foi bom trabalhar assim. Lembrou do episódio com a aranha
e começou a rir dela mesma e da situação toda. Que vergonha! O que o Rafael deve ter pensado de mim? Ah, o Rafael! Ele
até que foi bem atencioso e gentil comigo hoje. Ele me ajudou lá na casa, nem
pensou duas vezes quando pedi pra ele ir comigo na casa dele e depois, coitado,
teve que ficar me escutando falar da carta da minha mãe e ainda por cima molhei
toda camisa dela.
-Lari.
- O que foi?
- Você quer chocolate quente?
- Você ainda pergunta?
- Haha! – As duas se sentaram e Gabi serviu o chocolate
quente.
- Me conta uma coisa.
- O quê?
- Com quem você estava sonhando agora pouco?
- Eu sonhando?
- Você mesma! Deitada na cama, abraçada com o seu ursinho
olhando para o teto. De certo estava pensando na matéria da faculdade!
- Claro que não. Eu estava pensando no dia de hoje.
- E em um tal de Rafael que estava presente no dia de
hoje? Falando nisso, onde é que os dois se meteram enquanto deveriam estar
trabalhando?
- Nós fomos buscar dois vasos para as flores qu sobraram.
- E no caminho, deram uns amassos por aí?
- Gabi! Claro que não, nós só conversamos.
- Sei, sei! Você não me engana menina!
- Para com isso!
- Sobre uma carta que minha mãe me mandou. Meus pais
estão bem mal.
- Bem mal como?
- Eu acho que eles vão se separar.
- Como assim? Eles sempre foram tão, sei lá. Eles
combinam.
- Parece acham que não combinam mais.
- Ai amiga. E como você está?
- Agora até que estou melhor. Mas hoje de tarde tava bem
mal, a camisa do Rafael ficou encharcada.
- Coitado dele!
Capítulo com muito realismo e emocionante. Dá pra fazer pensar sobre os casais que deixam a relação esfriar e infelizmente são mais do que se pensa, até alguns que pelo menos parecem ter tido a direção de Deus.
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