domingo, 11 de março de 2012

Capítulo 19 - Quer sair comigo?


O resto da semana passou tranquilamente. No sábado, as meninas do grupo de jovens resolveram sair. Elas se encontraram no shopping e queriam ia ao cinema, Foram comprar os ingressos para o filme. Como ainda demoraria 40 minutos para começar foram dar uma volta pelo shopping. Passaram pelas lojas e algumas queriam comprar algumas coisinhas então se dividiram e combinaram de se encontras, cinco minutos antes da sessão começar, na entrada.
Larissa, Gabriela, Juliane e Fernanda não queriam comprar nada e ficaram só olhando as vitrines, comentando as roupas, olhando maquiagens, provando perfumes. Gabriela acabou comprando uma xícara muito fofa.
Quando elas se encontraram na entrada do cinema, Pietra estava com umas três sacolas na mão, puxou Larissa para um cantinho.
- A Gabi te contou alguma coisa do Alex?
- E como!
- Eu vi ele aqui.
- No cinema?
- Não. Eu vi ele lá na loja, sabe aquela que tava com uns vestidos super chiques na vitrine?
- Se, ele tava lá sozinho?
- Não ele estava com uma menininha muito fofa, deve ser a irmã dele. Ela deve ter uns 8, 10 anos.
- Então era uma loja de roupas infantis?
- Não. Isso que eu achei estranho. Era uma loja de roupas normais, quer dizer normal pra quem tem muito dinheiro, por que as coisas de lá são caras.
- Que estranho. O que ele vai fazer com um vestido?
- Talvez ele tenha ido com a mãe, ou sei lá, com alguma outra mulher.
- Mas ele tava com o vestido na mão. Ah, quer saber? Deixa pra lá, vamos, o filme já vai começar.
As duas se sentaram e o filme começou. É claro que elas gritaram, riram muito e obviamente choraram no final do filme. Normal! Após o filme foram comer alguma coisa e foram para a reunião de jovens.
Alex estava lá. Mas, como elas chegaram meio em cima da hora, Gabi não conseguiu falar com ele. Constantemente os dois trocavam olhares discretos. Alex não parava e olhar e eventualmente também sorria pra ela. Ela ficou constrangida, não conseguiu mais prestar atenção no que estava sendo falado lá na frente.
Depois da reunião, o grupo todo ainda foi comer pastel. Se juntaram nos carros e foram. Alex bem que tentou ir no mesmo carro que Gabi, mas Melissa entrou antes no outro lado do carro. O trajeto levou uns 15 minutos.
Lá na pastelaria, Alex foi mais rápido, sentou-se bem na frente de Gabi. Ele se ofereceu para ir buscar um pastel pra ela, ela pediu de frango com catupiry. Alguns minutos depois, ele voltou com os pasteis ds dois e mais um suco de abacaxi pra ela e uma coca pra ele.
- Por que o suco?
- Pra você! Você não quer, ou não gosta do suco de abacaxi?
- Eu gosto sim, na verdade é meu preferido! Como você sabia?
- Se eu disser que foi chute, você vai acreditar?
- Acho que não!
- Tá bom. Naquele dia no restaurante eu prestei um pouco de atenção.
Gabriela ficou abismada. Não se lembrava de ter dado nenhum indício de que preferia suco de abacaxi. Mas resolveu ignorar isso e aproveitar a noite.
- Gabi, quando que você foi pegar o seu? – Larissa perguntou quando voltou para a mesa.
- O Alex pegou pra mim!
- AHHHHHHHNNNNN! – todos os que estavam na mesa falaram em coro. Gabi ficou vermelha, mas não falou nada. Logo mudaram de assunto para alívio dela.
Gabriela ficou quieta na maior parte do tempo, só respondia uma coisa ou outra quando alguém perguntava alguma coisa ou pedia a opinião dela. Não que não queria conversar, mas estava perdida e seus pensamentos que estavam em Alex.  Por que ele a olhava desse jeito? E esses sorrisos lindos? Por que ele está sendo tão gentil comigo?
            - Você quer algum pastel doce? – Ele interrompeu os pensamentos dela. Ele a pegou tão desprevenida que ela não sabia o que responder.
            - Claro, pode pegar qualquer um.
            - Você também quer um, Larissa?
            - Pode ser um de banana com canela.
            - Ok!
           
            - Que foooofo! Agora ele até tá tentando conseguir a aprovação da amiga! – falou Ângela.
            - Por mim tá aprovado! Quer dizer, desde que traga o meu pastel! Gabi disse e as duas riram. Larissa só baixou a cabeça. Gabriela a puxou para uma “conversa de banheiro”.
            - Desembucha!
            - Ai, será que ele está gostando de mim?
            - Não, magina! Ele te deu flores, flores não, um girassol! Ele até foi pegar pastel pra você! E pra mim!
            - Você acha?
            - Tenho certeza! Depois das olhadas que ele deu pra você, e aqueles sorrisos! Eu queria que alguém sorrisse assim pra mim!
            - E se ele me pedir pra sair?
            - Você vai aceitar?
            - Sim. Não sei.
            - A primeira resposta é que vale!
            - Não sei. Será que ele mudou mesmo? Ou ele só está fingindo pra todo mundo?
            - Eu acho que ele mudou mesmo. Eu acho que ele está sendo sincero!
            Um sorriso se formou nos lábios de Larissa. As duas voltaram para a mesa. Alex também estava voltando. Trazia os três pasteis na mão. Os três se sentaram, mas, ao contrario das duas, Alex não começou a comer o dele. Ele olhava diretamente para Gabi e sorria. Não tirava os olhos dela, ela já estava começando a ficar irritada com isso, queria saber por que ele estava olhando para ela a noite inteira.
            - O que foi?
            - Você está linda hoje!
            - Obrigada! – ela falou tímida enrubescendo. Ela apenas levantou os olhos para os dele. Os olhos dele estavam brilhando. Ele a observava tão diretamente, que sentia que ele conseguia ler seus pensamentos. Baixou sua cabeça e continuou a comer o seu pastel intrigada. Ele ainda não tirava os olhos dela, como se quisesse alguma coisa.
             Larissa descobriu o que ele estava esperando. Dentro do pacotinho do pastel dela tinha um cartão. Ela o tirou e as palavras escritas nele se formaram em seus lábios: “Quer sair comigo?” O coração dela parou por um segundo. Ela até queria que ele fizesse esse pedido. Mas aqui? Agora? Ele ainda a encarava esperando uma resposta.
            Ela olhou nos olhos dele e deu um sorriso.
            - Isso é um sim? – Ela se limitou a acenar positivamente com a cabeça. Ele também sorriu. – Eu te busco as 7 na quarta, já que é feriado! Pode ser?
            - Uhum! Quer que eu passe o endereço pra você?
            - Não precisa, já tenho.
            - Como você conseguiu?
            - Pedi pro Matias.
            - Ah, tá.
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            - Lari, o que é isso? – Gabo olhava pra sacola que estava na entrada do apartamento. As duas tinham acabado de chegar.
            - Já vou!
            - Foi você que colocou essa sacola aqui?
            - Não, nunca a vi. Peraí, você já abriu?
            - Não né, nem sei se é pra mim. – Larissa pegou a sacola na mão  e procurou por alguma etiqueta ou cartão.
            - Aqui, está teu nome.
            - Não sei, abre logo!
            Ela abriu a sacola. Perdeu a fala. Ela tirou de dentro da sacola um vestido lindo! Lindo era pouco!
            - Ai, que liiiindo! Experimenta logo!
            - Mas de onde ele é? Eu não encomendei, nem comprei nada.
            - Qual é a loja?
            - Pitersen B. – Pela expressão de Larissa, Gabi adivinhou que a amiga sabia de alguma coisa.
            - De quem é? – Larissa não falou nada. – Não é do...
            - É dele mesmo! A Pietra viu ele hoje lá no shopping comprando o vestido. Ela estranhou que ele estava com a irmã pequena lá na loja olhando o vestido. Como não serviria para ela a gente imaginou que eles estavam com a mãe, que deveria estar no provador, ou alguma coisa do tipo.
            - Mas por que ele comprou o vestido?
            - Não sei. Mas sei que você deveria experimentar ele! – Lari foi experimentar o vestido. Coube como se fosse feito pra ela.
            - Você, ficou perfeito!
            - Você acha?
            - Sim, com certeza. O Alex até que tem bom gosto! Com um pouco de maquiagem e um penteado assim, - Gabi levantou os cabelos de Larissa mostrando como deveria fazer o penteado – ele não vai resistir, até o fim da semana vocês vão estar namorando.
            - Haha, até parece!
            - Verdade, ele deve gostar muito de você, olha o vestido que ele te deu, pelo jeito o restaurante vai ser chique!
            - É disso que tenho medo. Eu não sei me comportar nesses restaurantes, não sei nada de etiqueta.
            -Calma, não é tão difícil assim. Eu posso te ensinar!
            - Isso não vai dar certo.
            - Claro que sim, ainda temos uma semana. O jantar vai ser perfeito!
            - Tomara que sim.
            - Vai sim!

Capítulo 18 - Mutirão (parte 2)


Quando voltavam para a casa iam caminhando em silêncio. Lari estava pensando na carta que recebera da mãe. As lágrimas começaram a rolar pelo rosto dela. Ela tentou disfarçar, mas Rafael percebeu.
- Eu acho que agora é a minha vez de escutar um pouquinho, não é?
Ela sentiu o olhar dele nela. Ela precisava conversar logo. Já tinha tentado conversar com Gabi na noite anterior, mas não queria acabar com o bom-humor dela depois da conversa. Achou que poderia ignorar aqueles pensamentos e sentimentos que passavam pela cabeça dela e nos quais ela pensava a todo tempo. Ela começou a falar tentando segurar as lágrimas.
- Eu, eu recebi uma carta da minha mãe. – Ela n]ao agüentou mais. Desabou a chorar. Rafael a pegou nos braços e abraçados ele a levou para o banco na pracinha que estavam passando. Os dois ficaram lá sentados e abraçados por alguns minutos até ela se acalmar.
- Me desculpe.
- Você não precisa se desculpar por nada. – Ele falou isso com uma voz bem tranqüila e confortadora.
- A sua camisa. – ela disse apontado para a camisa dele que estava molhada.
- Não tem problema, ela seca logo!
Larissa esperou mais um pouquinho e começou a falar
- Eu recebi uma carta da minha mãe. Tinha duas folhas lá dentro. A primeira, tava escrita normalmente. Mas aí eu vi a segunda e tinha um “X” na folha.
- Um xis?
- Sim, como se ela tivesse escrito e se arrependido depois.
- E o que estava escrito nas folhas?
- Na primeira ela dizia que estava tudo bem, que sentia saudades e que ela esperava que eu estivesse me divertindo bastante aqui, se eu já achei algum gatinho, contou algumas fofocas de lá e no final ela escreveu que não era pra eu me preocupar com eles lá, que estava tudo bem.
- E você não acreditou nesse último trecho?
- Se eu tivesse lido só essa folha sim. Mas eu li a outra. – ela começou a chorar de novo e quando se acalmou continuou a história. -  Eu relutei um pouco pra ler, mas acabei lendo. Minha mãe parecia desesperada. Ela contou que depois que eu vim pra cá, a situação lá em casa piorou. Ela e meu pai não estçao se dando nada bem. Antes eles já tinham seus problemas, mas de um jeito ou de outro agora, não tem mais motivo para se darem bem. Antes eles tinham a mim em comum, por que a paixão, a amizade de um pelo outro parece que acabou.
- A sua mãe escreveu tudo isso?
- Sim, não... – Rafael levantou uma das sobrancelhas como se esperasse que ela explicasse essa contradição.- não tuo, algumas coisas eu deduzi.
- Larissa. Olha pra mim. Nem comece a pensar que a culpa é sua.
- Mas ela disse...
- Não importa o que ela disse. Você não tem culpa nenhuma. O amor deles esfriou. Talvez por sua causa eles resolveram se agüentar por mais um tempinho. E agora que você foi embora, eles não sabem amsi o que fazer.
- Eu não quero que eles se separem. Eu amo eles.
- Eles também te amo, tenho certeza, mas pararam de amar um ao outro.
- Mas eles prometeram diante de Deus que eles se amariam enquanto vivessem. Eles prometeram.
- Nisso você tem razão. Mas as vezes é difícil cumprir uma promessa.
- Mas eles tem que tentar. A promessa eles fizeram um para o outro mais há 18 anos existe mais alguém na família deles. Eu. Eles tem que pensar em mim.
- Eu tenho certeza que pensaram! – ela começou a soluçar novamente e Rafael a abraçou consolando-a. – eu sei que pensaram em você. Vai dar tudo certo! 
Os dois ficaram sentados lá por mais uns minutos e resolveram voltarpara casa de D. Amélia, e logo também de Beth! Cada um carregava um vaso e chegando lá, colocaram as flores dentro e os arrumaram na sala. As duas senhoras os observavam.
- Ficou lindo!
- Ficou mesmo!
- Os dois formam uma boa dupla, você não acha?
- Sim, uma dupla ou algo mais? - As duas senhoras deram uma risadinha!
O resto do pessoal já tinha ido embora. Os dois se despediram de D. Amélia e Beth e receberam ainda um chocolate das duas. Afinal, não é pra isso que servem as avós?
Rafael levou Larissa para casa, no caminho os dois conversavam animadamente sobre tudo o que lhes vinha à cabeça! Chegando ao apartamento, se despediram com um sorriso. Larissa entrou no apartamento e foi direto para a sua cama e ficou pensando no que acontecera durante o dia. Tinha sido um dia em tanto! Foi bom trabalhar assim. Lembrou do episódio com a aranha e começou a rir dela mesma e da situação toda. Que vergonha! O que o Rafael deve ter pensado de mim? Ah, o Rafael! Ele até que foi bem atencioso e gentil comigo hoje. Ele me ajudou lá na casa, nem pensou duas vezes quando pedi pra ele ir comigo na casa dele e depois, coitado, teve que ficar me escutando falar da carta da minha mãe e ainda por cima molhei toda camisa dela.
-Lari.
- O que foi?
- Você quer chocolate quente?
- Você ainda pergunta?
- Haha! – As duas se sentaram e Gabi serviu o chocolate quente.
- Me conta uma coisa.
- O quê?
- Com quem você estava sonhando agora pouco?
- Eu sonhando?
- Você mesma! Deitada na cama, abraçada com o seu ursinho olhando para o teto. De certo estava pensando na matéria da faculdade!
- Claro que não. Eu estava pensando no dia de hoje.
- E em um tal de Rafael que estava presente no dia de hoje? Falando nisso, onde é que os dois se meteram enquanto deveriam estar trabalhando?
- Nós fomos buscar dois vasos para as flores qu sobraram.
- E no caminho, deram uns amassos por aí?
- Gabi! Claro que não, nós só conversamos.
- Sei, sei! Você não me engana menina!
- Para com isso!
- Sobre uma carta que minha mãe me mandou. Meus pais estão bem mal.
- Bem mal como?
- Eu acho que eles vão se separar.
- Como assim? Eles sempre foram tão, sei lá. Eles combinam.
- Parece acham que não combinam mais.
- Ai amiga. E como você está?
- Agora até que estou melhor. Mas hoje de tarde tava bem mal, a camisa do Rafael ficou encharcada.
- Coitado dele!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Capítulo 18 - Mutirão (parte 1)


As duas amigas acordaram cedo. O grupo de jovens tinha combinado de fazer um mutirão para ajudar uma senhora a limpar a casa. Não era só limpar a casa, também o terreno todo. Eles iriam cortar a grama, pintar a casa de madeira, plantar flores, construir um canil no canto do terreno para o cachorro e ainda tinham algumas outras coisas pra fazer. Pontualmente as oito horas elas estavam na casa de Felipe e Karina, de onde iriam sair. É claro que nem todos foram tãp pontuais e eles acabaram saindo com 20 minutos de atraso. Não era muito longe por isso resolveram ir a pé. Assim também seria um poço mais fácil de levar o carrinho de mão com as ferramentas, pincéis, tintas e tudo que iriam precisar.
            Quando chegaram lá Dona Amélia veio os receber feliz da vida. Não era sempre que recebia visitas, ainda mais de um grupo tão grande! Ela mostrou tudo a eles e Felipe separou as equipes para começarem o trabalho. Ângela, Larissa e Gabriela ficaram responsáveis por ajeitar a casa por dentro.
            Elas começaram varrendo a casa e passando um pano em tudo. Até que Rafael e Thomas entraram para ajeitarem algumas coisas. Eles foram para os quartos para reparar algumas coisas. O trio que estava arrumando a sala enquanto isso já estava quase pronto. Elas estavam exaustas. Parecia que a casa já não fora feita uma faxina geral na casa há meses. Larissa disse que poderia terminar o resto sozinha, já que faltava apenas limpar os sofás.  
            - Com licença. Será que posso trocar as lâmpadas aqui? – falou Rafael, esperando com uma escada e uma cestinha com ferramentas e lâmpadas.
            -Claro! Só tome cuidado para não sujar nada. Isso aqui deu muito trabalho!
            - É, imagino. Você pode me ajudar a empurrar o sofá um pouquinho?
            Enquanto ele trocava a lâmpada, ela começava a limpar o último sofá. Esse parecia extremamente sujo e empoeirado. Larissa não sabia se era só a imaginação dela, por causa da exaustão ou se ele realmente estava tão sujo mesmo. Primeiro ela tirou todas as almofadas e as levou para um canto. Rafael já tinha trocado a lâmpada parou no meio da escada e por alguma coisa olhava para ela, os dois olhares se encontraram. De repente o olho dele ficou arregalado.
            - O que foi?
- Não e mexa. Ele falou descendo da escada e vindo em direção a ela. Ele falou com um toma tão autoritário que ela se recusou a desobedecer. Pelo olhar dele ela percebeu que tinha alguma coisa errada e começou a ficar com medo. Por que ele tinha falado isso? Será que ele tinha falado isso por causa de algum bi... Ela olhou em volta e viu uma aranha andando pelo sofá. Ela tinha pavor de aranhas. Qualquer animal ela podia ver e talvez até matar. Mas aranhas ela detestava. A aranha sumiu novamente para dentro do sofá deixando-a aliviada. Ela ia se mexer novamente, mas Rafael falou para ela não se mexer. Agora sim ela começou a ficar preocupada. Se aquela aranha não era o problema, o que seria então? Viu o rapaz colocando uma sacola envolta da mão dele. Ia perguntar o que estava acontecendo quando viu o motivo disso tudo, ele ou ela estava em cima do ombro direito dela. Era uma aranha, não muito grande, mas não deixava de ser uma aranha.
- Rafaeeel, socorro. Tira esse negocio daqui. Ajuda-me já.
- Calma Lari. Se você não se mexer ela não vai fazer nada.
- Rafael! Tira esse negócio daqui. Vai logo. Ele foi se aproximando lentamente e em um movimento certeiro tirou ela de lá.
- Pronto Lari! Já passou. – Ela não escutava o que ele estava falando. Sentiu as pernas tremendo. – Você está bem?
- Eu... – ela quase tombou para o lado. Se não fosse por ele. Ela a pegou pelos braços e a levou até o sofá limpo. – Eu, eu...
- Calma, não precisa falar nada. Está tudo bem.
Os dois ainda ficaram lá sentados por dois minutos. Ele a abraçava dizendo que estava tudo bem até que ela se acalmou.
- Desculpa.
- Não precisa pedir desculpas por nada.
- Obrigada. Eu tenho pavor de aranhas. Eu fui picada por uma há uns sete anos e eu não percebi na hora. Meu braço começou a inflamar. Quase tiveram que amputar ele.
- É, você tem direito de ter medo de aranhas.
- Obrigada, gentil senhor por me conceder esse direito!
Os dois riram. O susto dela tinha passado. Nem perceberam que havia mais alguém na sala.
- Muito bem, muito bem! O que vocês estão fazendo aqui? Eu achei que vocês deveriam estar trabalhando em vez de namorar.
- Vó? PO que você está fazendo aqui?
- Eu perguntei primeiro!
Nós nçao estamos fazendo nada, muito menos namorando. Eu tinha acabado de trocar a lâmpada e esla estava limpado o sofá. E então uma aranha subiu no ombro dela. Eu tirei e agora ela estava se acalmando.
- Muito bem Rafinha, que cavalheiro. Aprendeu direitinho!
- Vó! – ele falou para ela meio embaraçoso. É, as avós tem uma capacidade incrível de nos fazer passar por essas situações embaraçosas. E mesmo assim continuam sendo as pessoas mais queridas do mundo!
- E você querida? Como é o seu nome? Espere um pouco, eu acho que sei.- ela seu uma olhada significativa para o neto. E depois para a jovem que estava sentada na frente dele. -  Larissa! É esse o seu nome. Não é querida?
- É sim. Mas com a senhora sabia?
- Alguém vive falando de você pra mim! Eu já estava curiosa para te conhecer.
- Ah, é? Espero que não tenha escutado nada mal de mim!
- Claro que não! Só o melhor, na verdade nunca escutei ele falar tão bem de alguém pra mim com o falou de você!
Agora de vez que ele estava embaraçado!
- Vó, já deu né! – ela deu uma risadinha agradável e saiu em direção a porta. Quando passou por Larissa ela sussurrou no ouvido dela pra que ele não escutasse:
- Ele não fica bonitinho assim, toso envergonhado? Ele até corou!- as duas olharam para ele e começaram a rir. Rafael não entendendo nada corou ainda mais!
- Concordo com a senhora!
- Senhora não, me chame de Beth. E você – ela disse olhando para o “netinho” – trate de trabalhar!
Rafael até se esqueceu de perguntar o que Lea estava fazendo lá. Na verdade, ela ia morar lá. Ele não sabia disso ainda. Ela não queria mais morar na casa da filha e ela gostou da D. Amélia. As duas viviam fofocando e tomando chas juntas! E chegou uma hora em que as duas resolveram morar juntas. Assim ela poderia fugir um pouco da família e D. Amélia teria um pouco de ajuda em casa, já que ela não era a pessoa mais jovem. Na verdade já tinha 81 anos, mas ainda vivia como se tivesse 60.
Rafael ajudou Larissa a terminar de arrumas o sofá. Depois de a sala estar toda arrumada os dois perguntaram a Karina se precisavam de ajuda em mais alguma coisa. Ela disse que se quisessem poderiam ajudas as duas senhoras a terminar de fazer o almoço. Foi quando Rafael descobriu por que a sua avó estava lá. Não falou muita coisa desde então. Parecia meio no mundo da lua. Logo depois do almoço voltaram ao trabalho. Agora, Larissa, Gabriela e Ângela foram escaladas para arrumar e ajeitar o canteiro. Começaram a revirar a terra, jogaram adubo em cima e enquanto isso Mark e Jorge trouxeram as flores que tinham comprado no dia anterior.
Depois de duas horas finalmente terminaram. Ficou lindo! Plantaram as rosas ao longo da cerca recém pintada de branco, plantam lírios, amor-perfeito e margaridas. Sobraram dois lírios ainda e Larissa resolveu perguntar pra D. Amélia onde poderia colocá-los. No caminho cruzou com Beth.
- Onde você quer colocar essas flores?
- Eu estava justamente indo perguntar isso para D. Amélia.
- Nem precisa. Eu já sei. Tenho uns vasos que ainda estão vazios desde que mudamos para cá. Peça ao Rafael que vá com você pegá-los lá em casa. Ele pode te ajudar a escolher.
- Mas tenho que ficar aqui até terminarmos tudo.
- Não se preocupe, eu falo com Karina, vai lá.
- Tá, obrigada.
Ela foi chamar Rafael. Ele e o grupo já estavam quase terminando o canil. Felipe o liberou e os dois foram caminhando até a casa dele.
- Você me parece que está meio “fora do ar”, está tudo bem?
- Sim, só estou um pouco cansado do trabalho todo.
- Tem certeza?
- Sim! – na verdade não estava tudo bem. Mas ele se assustou com a pergunta. Ela foi bem direta, como se adivinhasse no que estava pensando, que ele estava preocupado. Resolveu falar, afinal com alguém tinha que falar e ele sabia que podia confiar na Larissa.
- A situação lá em casa não está lá muito boa. Desde que nos mudamos para Curitiba, minha avó parece que está agindo meio estranho. Parece que ela se fechou um pouco lá em casa. Quando a gente ia pra casa dela, ela era sempre tão alegre, nos recebia bem, nos divertíamos muito. Agora ela fica resmungando por aí, critica minha mãe e minha mãe também critica ela. Eu não sei por que ela quis sair de casa. A gente achou que seria mais fácil para ela se recuperar da cirurgia e do tratamento contra a catarata no olho dela se estivéssemos morando com ela para auxiliá-la.
- Ela já morou com vocês antes?
- Não. Ela morava perto de casa, mas não morou com a gente.
- Então pode ser que ela se sinta desconfortável na sua casa. Pode ser que ela não goste de voltar a essa época da vida. Sabe, ela já passou da fase de educar filhos, levá-los de um lado para outro, ter essa agitação e correria dentro de casa.
- Mas ela vinha bastante lá em casa, também ficava com a gente quando a minha mãe saía.
- Tá, mas isso eram algumas horas. Ela não entrava na rotina de vocês não precisava educar vocês. Isso é tarefa dos teus pais e se ela está lá, fica difícil intervir. Ela se sente presa e dependente, eu acho que ela não gosta muito disso. Ela precisa viver a vida dela.
- É, pode ser. Mas ela poderia ter conversado com a gente antes.
- Talvez ela achou que vocês iriam impedir ela de sair, convencer ela a ficar. Ela não quer magoar vocês, mas também não quer ficar na casa em que vocês estão.
- Eu não tinha pensado nisso. É, pode ser difícil mesmo para ela viver no meio da nossa correria.
- Deixem ela ir. Ela vai se sentir mais a vontade. E não se preocupe ela não vai abandonar vocês e provavelmente o relacionamento entre vocês vai até melhorar.
- Obrigado!
- Pelo quê?
- Por me escutar e me entender.
-De nada. É bom escutar de vez em quando.
Já estavam quase chegando a casa dele. O resto do caminho percorreram calados. Chegando lá, Rafael teve que procurar esses vasos primeiro.
- São lindos! – disse Larissa olhando para eles. Havia uns 15 vasos lá. De todas as formas e tamanhos. – Eu não sei qual escolher. É um mais lindo que o outro. Amei esse daqui.
Ela pegou um vaso tamanho médio de cerâmica na mão. O fundo era azul antigo e por cima havia pequenas orquídeas em relevo, pintadas delicadamente e branco e rosa. O vaso ainda tinha detalhes em dourado.
- Quer levar esse?
- Eu acho que não. Não combina muito com a pintura da casa e com os lírios amarelos.
- Que tal esses dois? – ele apontou para dois vasos marrom amarelo pintado com craquelê.
- Perfeito! Não sabia que você tem bom gosto!
- Culpa da minha vó!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Capítulo 17 - Café e conversas


Larissa não conseguia dormir, algumas coisas passavam pela cabeça dela. Ela tinha recebido uma carta da mãe. Ela resolveu levantar e fazer um café. Não era uma ideia muito boa já que queria dormir, mas não sabia mais o que fazer. É, talvez esperasse Gabriela voltar do restaurante. Precisava de alguém para conversar. Só esperava que Gabi também o quisesse, mas sabia que a amiga, mesmo morrendo de sono iria se esforçar para ouvir o que ela tinha a dizer. Ela preparou o café e pegou um pacote de bolachas, quando ia levar isso para sala Gabi chegou.
- Oi! – Lari já estava com as duas xícaras na mão e ofereceu uma para Gabi.
- Obrigada, estou mesmo precisando disso.
- Eu não estava com muito sono e resolvi fazer um café e te esperar para conversarmos um pouco. Se você quiser, é claro.
- Sim, na verdade eu também precisava conversar com você. Só vou deixar as minhas coisas no quarto, já venho.
As duas se sentaram no sofá. Larissa deixou Gabriela falar primeiro, ela estava com uma cara meio preocupada e sei lá, com o se algo marcante tivesse aconteci com ela.
- Bem, hoje quando eu estava a caminho do restaurante, eu não estava muito legal, não estava muito a fim de ir. Aí eu pedi para Deus que fizesse a noite valer a pena.
- E deixa-me adivinhar, ele fez algo esplêndido.
- Sim, na verdade duas pessoas vieram ao restaurante hoje. Bem na verdade uma não veio exatamente ao restaurante, mas ela estava lá nos fundos... – ela contou toda a história que aconteceu com Lucas.
- Uau. Isso foi maravilhoso! Há tanto tempo você já estava esperando alguma novidade dele. E de repente você o encontra lá!
- É, mas eu não sei... Ele estava tão mal. Bebendo e brigando. Parece que o que eu falei para ele da última vez entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Ele está pior do que antes. Ele está se destruindo, não percebe que está seguindo para o mesmo caminho do pai, o caminho que ele tanto odeia.
- Você falou isso para ele?
- Falei, mas eu não sei o que ele vai fazer com isso. É como da última vez: eu falei com ele, tirei as duvidas dele, pelo menos as que eu sabia a resposta, expliquei Deus para ele e veja o que aconteceu. Ele não escutou nada, hoje ele estava horrível. É como se eu tivesse falhado.
- Gabriela, escuta aqui. Você não falhou em nada. Eu tenho certeza de que você deixou Deus te usar. Você está plantando uma semente. Algumas sementes demoram a germinar, e isso você não tem capacidade para fazer. Só Deus consegue fazer isso. Você está fazendo a sua parte. Eu sei que você está fazendo tudo que você pode para ajudar ele. O resto é com ele e Deus. A única coisa que podemos fazer é orar. Orar bastante e deixar tudo nas mãos de Deus.
- Na verdade, ainda tem uma coisa que eu posso fazer. – Gabriela deu sorriso discreto e Larissa estava curiosa com o que isso seria. – Eu peguei o endereço dele!
- Que maravilha! Você já não tinha tentado escrever cartas?
- Sim, mas eu dei o meu endereço e fiquei esperando uma carta que nunca veio.
 - E agora ele deu o endereço dele pra você?
- Na verdade o endereço do patrão dele, que era um antigo vizinho. Eu acho que ele deve estar tentando ajudar ele.
- Que bom que ele não está sozinho!
- É, mas eu não sei o quanto ele deixa eles intervirem na vida pessoal dele.
 - Bem, devagarzinho você vai conquistando a confiança dele e aí tudo pode ficar melhor. Entrega tudo a Deus. E quem sabe você não acaba conquistando o coração dele também? – ela falou isso com um sorriso no rosto meio que zombando dela.
- Ah, que é isso. Ele não tem espaço lá. Por quê? Ele já está ocupado?
- Bem...
- Ahhhhhh, me conta logo!
- Sabe que eu falei de duas pessoas que entraram no restaurante?
- Siiiim....
- O Alex estava lá.
- O Alex? Aquele moleque do retiro?
- Ele mesmo.
- Mas e então? Vocês conversaram alguma coisa?
- Ele me chamou para dar uma volta. Ele queria me agradecer pelo que eu fiz por ele no retiro. E depois ele me deu uma flor!
- Ai que liiiindo! Que flor que era, cadê ela?
- Era um girassol! Dos mais bonitos que eu já vi e ele está... – nesse momento ela lembrou que na hora da briga esqueceu-se de tudo, ele deve ter caído no chão e ela não o viu mais depois. Ficou com raiva de si mesma. Pretendia guardar ele junto com a semente que tinha ganhado do Alex também, que por acaso ela também não sabia onde tinha deixado. – Eu perdi ele, ai como eu sou uma tonta mesmo. Como eu pude perder um girassol?
- É amiga, você é incrível! Mas e aí sobre o que vocês conversaram?
- Sobre várias coisas. A faculdade, comida, música, de tudo um pouco. Na verdade até que temos os gostos parecidos... 0 depois de falar isso ela meio que entrou no mundo da lua, relembrando a conversa que tivera com ele. Foi tão agradável!
- Eu acho que alguém tá se apaixonando!
- Não! Sim! Ah, eu não sei. Foi muito bom ver ele de novo e pra falar a verdade ele tava lindo! Bem melhor do que no retiro! Mas me apaixonando, não sei.
- Ahã, sei, sei! E quando vocês vão se ver de novo?
- Não sei, a gente não combinou nada.
- Será que ele vai vir pro grupo de jovens de novo?
- Eu não sei, acho que não. Ele disse que está freqüentando outra igreja perto da casa dele.
- A família dele também vai?
- Sim, ele disse que pouco a pouco todos foram indo pra igreja. Que bom!
- Foi bom poder conversar com você sobre isso. Não sei se ia conseguir dormir pensando na noite de hoje!
- Você sabe que pode contar comigo a qualquer hora!
- Sim eu sei e você também sabe que vou estar aí pra você quando quer que seja.
- Sim, mas e você? Não tinha alguma coisa pra conversar também?
- Nada tão importante. Podemos conversar outra hora. –Ela disse levantando-se e pegando a xícara vazia da amiga. – Já está tarde e amanhã temos que acordar cedo para ir ao multirão. Melhor estarmos descansadas!
- Então tá, se você acha. Mas as xícaras pode deixar que eu lavo.
- Vamos fazer uma oração ainda: Senhor Deus, Pai querido, obrigada pela nossa amizade. Obrigada por que podemos estar juntas aqui. Guarde nossas famílias lá no Mato Grosso do Sul e também a nós aqui. Quero te pedir também pelo Lucas, você sabe o que está se passando destro dele. Guarda-o do perigo e leva-o pelo caminho certo. Peço também que de as palavras certas a Gabi quando ela falar com ele ou escrever para ele. Oriente também o coração dela em relação ao Alex. Dê no, por favor, uma boa noite de sono. Amém
- Amém. – as duas se abraçaram e Larissa foi indo em direção ao quarto dela. Os pensamentos ainda voltavam para aquela carta da sua mãe, mas agora já estava cansada o suficiente para conseguir dormir.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Capítulo 16 - Uma noite que valeu a pena!


Mal Larissa entrou para o espaço nos fundos e quase levou um soco na cara. Dois homens estavam brigando. E feio. Ela correu para a porta da cozinha e foi chamar Leonardo para ajudar a separar a briga dos dois. Quando chegaram lá Ângela já estava lá gritando e implorando para que os dois parassem de brigar. Quando Leonardo chegou, ela foi segurar um enquanto ele tentava puxar o outro para trás para que parassem a briga. 
Larissa simplesmente não sabia o que fazer. Ficou paralisada olhando o que estava acontecendo. Tudo passava em câmera lenta na frente de seus olhos. Os dois não conseguiram nada tentando separar a briga. Os homens estavam furiosos um com o outro, querendo matar um ao outro. Leonardo decidiu desistir antes que eles acabassem feridos. Mas foi tarde. No momento que pensou isso viu Ângela deitada no chão. No mesmo instante largou o homem e foi ver como ela estava. Ajoelhou-se ao lado dela pensando que estivesse desmaiada. Felizmente só tinha levado um soco no rosto que estava sangrando, mas se Deus quisesse não seria nada demais. 
Nessa hora, Lari se tocou do que estava acontecendo e por um segundo pensou que conhecia um dos homens que estava lá brigando. Ficou olhando atentamente para tentar ver o rosto dele de novo. Era ele. Com muito esforço conseguiu com que as palavras saíssem da boca dela.
 - Lucas. Para, por favor, para de brigar. - Quando ouviu seu nome ele parou. Não sabia por que, mas algo naquela voz o fez parar. De quem era aquela voz. A anja. Como ele poderia esquecer-se daquela que sua mãe em seus últimos momentos de vida chamou de "meu anjo". 
O outro homem percebeu que a briga tinha acabado e saiu pelo bar xingando tudo e todos. Lucas se se encostou à parede e sentou-se se se encostando a ela, cruzando os braços em volta dos joelhos. Por alguns segundos que pareciam mais minutos os dois não sabiam o que dizer.
- O que você está fazendo aqui? Por que você sempre aparece nos piores momentos da minha vida? Por que você está aqui? Agora.
- O que eu estou fazendo aqui? Estou trabalhando. As outras perguntas não posso responder. - Ela se lembrava da promessa que tinha feito a ele, de que não falaria mais em Deus até que ele perguntasse. E a resposta das perguntas dele só tinha uma palavra: Deus. - Mas e você? Você sumiu. Não me escreveu, não escutei nada de você desde aquele dia. A sua mãe pediu para eu cuidar de você, ficar de olho em você e aí você some e aí... Aí eu encontro você aqui brigando e...
- Me deixa em paz. não quero falar com você agora. Não preciso de babá pra cuidar de mim.
- Mas...
- Pode voltar a trabalhar, devem estar precisando de você.
- Não sem antes fazer um curativo na sua testa.
- Eu estou bem. - quando falou isso, ele não parecia estar muito convencido disso. Lentamente ela foi andando até ele e se sentou encostada na parede ao lado dele. Ele tinha colocado uma barreira invisível entre eles. Provavelmente fazia isso com todas as pessoas. - Eu estou bem. - ele falou novamente, agora, quase sussurrando. Ela tentou limpar o machucado com um lenço, mas ele afastou a mão dele.
- Por favor, deixa eu te ajudar. Você não precisa falar nada. E eu também não vou falar nada até você queira. Só me deixa limpar isso pra não infeccionar.
Dessa vez quando ela aproximou o braço dela ele abaixou a mão, voltando a cruzar os braços ao redor das pernas dele. Ele não se mexia, não olhava para ela, fingia estar sozinho tentando achar alguma coisa pra dizer, tentando entender a situação. Estava confuso, cansado.
Ela sabia que se alguém fosse começara falar teria que ser ele. Então ela esperou e orou. Leonardo foi conferir se estava tudo bem com eles. Ele viu os dois sentados um do lado do outro e entendeu que ela iria ficar ali mais um tempo, só falou que iria levar Ângela para casa e deu boa noite. Lucas parecia relaxar com o tempo. Na cabeça dele passavam as cenas no hospital. Lembrava dos últimos momentos que teve com a mãe, dos últimos anos que passou com ela. Depois da morte dela, poucas vezes pensou nela. E quando pensava nela, procurava logo algo para fazer para se distrair e muitas vezes ele buscava essa distração na bebida, depois no cigarro e por fim nas drogas. Não chegava a usar tanto para que apagasse, afinal, ele trabalhava. Sim, trabalhava. Não era muita coisa, ajudava o vizinho antigo vizinho dele. Alessandro era advogado. Lucas ajudava o na limpeza do escritório, pesquisava por casos antigos que poderiam ajudar no caso que o chefe estava resolvendo no momento. Também cuidava das contas. Não desde o começo, Alessandro começou a perceber que ele era bom com números e pouco a pouco deixava ele responsável por cada vez mais coisas.
Lucas começou a contar de suas lembranças da mãe. Larissa apenas escutava e fazia um ou outro comentário de vez em quando, ou dava risada com ele quando a história era engraçada. Ele já conversava mais abertamente, sem receios. Lembrou que assim como a mãe dele confiou na Larissa, sem ter falado com ela antes, assim ele também poda confiar nela. E de algum jeito ele se sentia segura, em casa, quando enquanto estava com ela. Por um momento esqueceu-se dos problemas que tinha do pai dele, que ele não via há quatro meses, mas que a imagem dele ficava em sua cabeça quase que 24 horas por dia. A conversa ia bem até que chegaram ao assunto do pai dele. Ele já mudou o tom de voz e ficou tenso. Não demorou muito e ele começou a falar mal dele. Larissa permaneceu calma ao lado dele, o deixou terminar de falar tudo.
- Perdoe ele. – ela falou baixinho quando ele se aquietou de novo.
- O quê? Perdoar ele depois de tudo o que ele fez? Nunca.  Nem se eu quisesse poderia perdoar ele. Não mesmo. Ele matou a minha mãe, acabou com a minha vida, ele não merece perdão.
- Lucas, ele não acabou com a vida da tua mãe. Nem com a tua vida. A tua vida não está acabada. Você é jovem! Tem o que, 23 anos? Você ainda tem a tua vida inteira pela frente!
- Mas ele...
- Espera eu terminar de falar. Você tem que perdoar o seu pai, esquecer o passado. Eu sei, eu sei. É mais fácil falar do que fazer. É difícil sim perdoar alguém que fez o que seu pai fez e também não estou dizendo que você vai conseguir esquecer isso da noite pro dia, nem em uma semana. Mas comece cada dia dizendo que isso não vai te abalar que isso não vai deixar você estragar sua vida ainda mais. Não se torne uma pessoa amarga como o seu pai.
- Eu não estou me tornado parecido com ele. Não posso.
- Mas está. Você não consegue enxergar? O que seu pai fazia quando tinha algo de errado, ou ele queria esquecer-se do resto do mundo, ou de você e da sua mãe?
 - Ele saia pra beber.
- E o que você faz quando algo dá errado ou quando quer esquecer-se do seu pai ou dos seus problemas?
- Eu, eu...
- Você não precisa ficar igual ao seu pai. Lute contra isso, não deixe que isso tome conta do seu dia, dos teus pensamentos e da sua vida. Não se renda a isso, por favor. Tente lutar contra isso. Por amor a sua mãe.
- Eu não sei se consigo. Eu não sei.
- Mas você na quer se tornar uma pessoa como o seu pai, não é?
- É, isso eu não quero mesmo pra mim. Não quero causar tanto sofrimento a outras pessoas como ele o fez.
- Então tente fazer isso. Perdoar ele e esquecer o que ele fez.
- Eu vou tentar.
- Que bom! Posso te pedir mais uma coisa?
- O que?
- Posso te escrever? Se você não quiser, não precisa me responder, não precisa. Apenas me deixe escrever pra você.
- Tudo bem. – Ele passou o endereço da casa do Alessandro e da Vivian, esposa deste. – Eles vão me passar adiante essa carta não importa onde eu esteja.
- Quem são eles?
- Eles eram nossos vizinhos, quando eu ainda morava com minha mãe. Eu trabalho na empresa dele. Eles realmente se preocupam comigo. As vezes até demais!

- Eu tenho que ir agora.
- Sim, acho que também deveria ir. Será que a gente pode se encontrar algum dia de novo?
- Eu não sei. Não sei o que vou fazer daqui pra frente.
- Espero que você mude.
-Eu também. – os dois deram um abraço de despedida – Obrigada por hoje.
- De nada, e vou estar sempre aí quando você precisar.
Ele deu um sorriso, virou as costas e começou a andar. Ele virou mais uma vez, ela sorriu de volta pra ele que ainda estava sorrindo – Meu anjo! – ele ainda disse e foi embora.
Larissa ainda ficou parada pensativa. “É Deus, você realmente fez essa noite valer a pena, e como! Obrigada Paizinho!”

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Capítulo 15 - A semente brotou!


Ela só colocou as bebidas em cima da mesa e voltou à cozinha de novo, nem percebeu que trocou toda ordem das bebidas na mesa. Ainda tinha um pouco de tempo até os pedidos ficarem prontos. Ela não conseguia desviar os pensamentos do rapaz da mesa que estava atendendo. Não era a mesma pessoa que ela conhecera no retiro. Ele era tão, tão, sei lá, chato, emburrado e... Tá certo ele tinha mudado um pouquinho durante o retiro, mas todos fazem isso. Não fazem? Mudam por dois dias ajeitam toda vida e se tornam melhores amigos de Deus por, sei lá uma semana? Tá certo ele me ajudou e aquela promessa dele de que eu ainda iria elogiar ele até o final do retiro. Ele realmente se esforçou pra tirar um elogio da minha boca, admito, não facilitei muito as coisas pra ele, mas mesmo assim naquela última tarde...
- Larissa, está tudo bem com você/
- Aham, só estou pensando um pouquinho... Você pode eh.. Servir a mesa 36?
- Sim claro, mas tem certeza que esta tudo bem?
- Sim, não é nada. Só preciso de uns minutinhos...
- Se você diz...
Aquela ultima tarde, da onde ele tirou aquilo? Felipe tinha uma última atividade para as duplas: cada um deveria, na chácara mesmo procurar alguma coisa ou pegasse alguma coisa sua para dar ao outro da dupla. E as duas se encontrariam na capela novamente e cada um iria falar alguma coisa que aprendeu com a dupla ou falar de uma qualidade que percebeu na outra pessoa. Foi uma das vezes que Larissa mais se surpreendeu. Ele, o mesmo pirralho que ela teve de suportar esses dois dias em algum lugar tinha achado uma semente de girassol. De GIRASSOL! E ele deu essa pequena semente para ela. Ainda lembrava as palavras dele: “Bem essa semente, não é muito grande, ela também não parece ser muita coisa, poderia facilmente engolida por um passarinho. Mas de algum jeito essa semente foi salva e quando ela for plantada e regada, muito regada e tomar uns bons banhos de sol ela vai crescer e crescer pra valer e ela vai estar sempre voltada para o sol. Tá agora você pode estar pensando o que esta semente tem a ver com você, ou com o retiro. Eu vou explicar. Todos aqui sabem como eu cheguei aqui pro retiro, como eu era antes até. Eu não era uma pessoa agradável, nenhum pouquinho. E até imagino como a Larissa deve ter se sentido quando soube que eu era a dupla dela. Mas bem. ela não reclamou nem nada apenas tentou tirar o melhor da situação: Mandou-me trabalhar! E o melhor de tudo: ela plantou uma semente. Eu sei que parece papo furado, mas ela realmente me fez pensar. E por isso vou ser eternamente agradecido a ela." É, ele realmente tinha mudado.

- Larissa! – ouviu alguém chamando ela, deve ter sido Angela.
- O que foi?
- O Alex quer falar com você. E pelo jeito é sério. – Larissa estranhou um pouquinho. Não sabia o que dizer. – Você quer ir? Se não eu também posso dar um jeito.
- Não, tudo bem. Eu vou. Só preciso de um gole de água.

- Senhorita!
- Alex, o que você quer?
- Nossa não precisa ser tão rude. Eu só queria conversar um pouquinho. Será que podemos dar uma voltinha lá fora?
- Mas por quê?
- Relaxa, confia em mim. Só quero conversar um pouquinho.
- Tá, espera um pouco. – Ela foi ver com o patrão se estava tudo bem se ela saísse um pouquinho. – Tenho 20 minutos. – Ela disse tirando o avental.
- Então vamos logo!- Larissa não sabia o que pensar. Não sabia de nada nesse momento. Só que queria aproveitar e ver no que isso dava.
- Você está bonita hoje.
- Hã, obrigada. E pra ser bem sincera, você está com uma aparência bem melhor desde o retiro. E bem mais educado também!
- É tudo culpa sua. Lembra do que eu falei lá no retiro? A semente que você plantou em mim germinou e está crescendo cada vez mais.
- Fico feliz em ouvir isso. Mas e o grupo de jovens. Desde o retiro não vejo mais você lá.
- É por que na semana antes do retiro nos mudamos para o outro lado da cidade e encontramos uma igreja do lado de casa e nós nos sentimos bem lá.
- Todos da sua família estão indo á igreja?
- Sim. Faz pouco tempo que vamos todos. Primeiramente ia só eu. Aí eu convidei meu irmão pra ir ao grupo de jovens e adolescentes de lá e ele ficou de olho em uma menina. Ele ainda está tentando convencê-la a namorar ele, mas ela, pelo jeito não quer saber dele! – os dois deram risada!
- Como é o nome do seu irmão?
- Adriano. Ele está na casa dos meus tios em São Paulo.
- E teus pais? Eles me parecem ser bem legais e felizes!
- Sim, eles estão. Eles não queriam saber muito de igreja, mas deixavam a gente ir. Contanto que isso não nos atrapalhasse nos estudos e deveres em casa tudo bem. Aí um dia um colega do meu pai o convidou pra ir ao futebol de sábado que tinha na igreja e devagar ele foi se enturmando e acabou gostando de freqüentar os cultos.
- Mas a sua mãe não queria ir ainda?
- Não. Ela é meio orgulhosa e não queria mostrar fraqueza e mudar de ideia. Só que a minha irmãzinha tinha desde que nasceu já um problema nos olhos. Ela estava usando um óculos de oito graus em cada olho. Além do tampão que ela também tinha que usar todos os dias. Meus Pais resolveram que ela iria fazer uma cirurgia fará reparar isso. Ele pediu orações da igreja e muitas pessoas foram lá em casa dar apoio para eles e mesmo durante a cirurgia havia pessoas no hospital orando por eles. Quando tudo isso passou e a Alessandra já estava melhor. Minha mãe foi junto com a gente pra igreja e levou ela junto pra agradecer todas as orações e apoio. E ela foi tão bem recebida e convidada pro grupo de mulheres que a partir de então raramente falta um domingo.
- Que maravilhoso! É pelo jeito a sua vida mudou mesmo.
- Sim graças a misericórdia de Deus e da ajuda da serva dele. Eu realmente não sei como te agradecer por aquele esforço lá no retiro. Não deve ter sido o retiro mais divertido pra você.
- Vou admitir que não foi mesmo. Mas valeu a pena e faria tudo de novo!
Passaram mais um bom tempo conversando. Deram a volta no parque e nem perceberam que o relógio não para.
- Tenho ir já, na verdade correr!
- Desculpa, não percebi o tempo passar, se você se encrencar com o seu patrão vou falar que a culpa é minha.
- Tudo bem, ele não é tão rígido assim. Obrigada pelo passeio! – Ela disse e queria sair correndo.
- Espera. Só um pouquinho. – disse ele e atravessou a rua correndo e voltou com um girassol na mão. Daqueles que ela tinha visto na caminho pro trabalho. – Não é muita coisa, mas para você lembrar da semente que você plantou e teve chace de virar um lindo girassol.
Lari ficou paralisada. Não sabia o que dizer. Olhou para ele, para a flor, para ele de novo. Ele estava encarando ela. – Você tem que ir. Disse ele com um sorriso de orelha a orelha lembrando ela do trabalho.
- Sim. E... Obrigada!- Ela deu um beijo no rosto dele e saiu correndo. Ele ainda ficou um tempo observando até que ela sumisse de vista e então foi andando em direção a casa dele.