sábado, 16 de julho de 2011

Capítulo 8 - Um último pedido

          - Bom dia mãe! Bom dia pai! E aí? Sobreviveram á noite? – perguntou Gabi, quando entrava no quarto da mãe.
            - Sim. Mas pelo jeito teve alguém que não passou a noite muito bem.
            - Como assim? Quem?
            - Um tal de Lucas Gabriel, deve ser aquele rapaz de quem você falou...
            - Sim, está tudo bem com ele? Com a mãe dele?
            - Não sei te dizer, ele entrou aqui no quarto com uma cara de desesperado procurando por você e quando eu disse que você não estava ele saiu xingando.
            - Melhor eu ir ver se aconteceu alguma coisa. Posso?
            - Claro que pode. Vamos orar por vocês!
            - Obrigada, eu acho que esse aí ainda vai precisar de muita oração.
            Gabriela saiu à procura dele, não o achou. Perguntou na recepção qual era o número do quarto da mãe dele, mas não sabia o nome da mãe dele. Percebeu que ele não havia dito o sobrenome dele, então essa também não seria uma alternativa. Orou. “Senhor, se for da tua vontade que eu ajude a esse rapaz e sua mãe de alguma maneira, me ajude a achá-los. Amém.” Mal ela tinha falado o amém e adivinha quem estava vindo pelo corredor? Não. Não era o Lucas. Mas era a enfermeira que estava cuidando da mãe dele. Ela levou Gabi para ver a mãe dele, ela acabou descobrindo que o nome dela é Maria Cecília. Chegando ao quarto dela, viu a situação da pobre senhora. O corpo dela quase nem aparecia, tinha faixas, curativos por tudo o corpo e onde não havia nada, a pele estava cheia de hematomas. Ainda havia pedaços de vidro no braço dela. Ela estava dormindo, mas percebendo a chegada de alguém, lentamente abriu os olhos e vendo Gabi abriu um sorriso no rosto, ou melhor, dizendo o mais perto de um sorriso que ela poderia chegar. Com esforço e com uma voz rouca e fraca falou:
            - Meu anjo! Como é o seu nome?
            - Gabriela. - Gabriela estava meio confusa, afinal essa senhora a beira da morte tinha um brilho nos olhos, parecia já conhecer Gabi.
            - Gabriela, a enviada de Deus! Até nome de anjo você tem. Sinta-se a vontade, sente-se. – a Você precisa me ajudar. O Senhor está me chamando para perto de Si. Não tenho mais muito tempo aqui, eu pedi ao Pai que me mandasse um anjo que pudesse cuidar do meu filho. Por favor, eu imploro, mostre o caminho da salvação para ele. Ele parece forte e duro por fora, mas eu o conheço como só uma mãe pode conhecer a um filho, ele é um amor de pessoa apenas precisa encontrar a vida. Depois que eu partir ele vai ficar furioso com Deus, mas, por favor, tente. Dê a ele a minha bíblia, lá eu deixei uma carta para ele e sublinhei os versículos mais importantes, pelos quais o Senhor me falou tanto. Cuide dele para mim, eu o amo tanto. Quero um dia me reencontrar com ele na casa do Pai.
            - Mãe, mãe, por favor, fica aqui comigo... - mas as palavras do filho que acabara de entrar, ela não escutava mais. Ele viu Gabi e ficou mais desesperado ainda -... É tudo culpa desse teu Deus. É tudo culpa dele. Ele não deveria ter feito isso, fazia tudo por Ele e... - não conseguia mais falar desandou a chorar. Ele chorou desesperadamente por vários minutos. Gabi apenas o abraçou. Não sabia o que poderia fazer. A enfermeira que acompanhou tudo indicou para Gabi levá-lo à sala de espera, oferecer algo para beber e deixá-lo chorar e desabafar. Mais tarde ela iria conversar com eles.
            Foi o que ela fez. Depois de 20 minutos Lucas se acalmou um pouco. A enfermeira perguntou sobre o pai dele, como ela poderia contatá-lo para dar a ele a notícia.
            - Aquele desgraçado, sem vergonha. Deveria apodrecer na cadeia isso sim. Ele não merece nada.
            - Mas alguém precisa cuidar da burocracia e tudo mais. – a enfermeira argumentou.
            - Eu cuido de tudo.
            - Me desculpe, mas com todo respeito não acho que você esteja em condições emocionais muito adequadas para cuidar disso.
            - Eu posso ajudar, se meu pai estiver aqui ainda vou pedir ajuda a ele. Será que você poderia ver se ele está aqui ainda? – perguntou ela a enfermeira, apenas balançou a cabeça em sinal de afirmativo e saiu. Enquanto vinha com Luiz, ela já lhe explicou o que acontecera e ele concordou em ajudar a respeito da situação.
            O funeral foi no dia seguinte. O pai de Gabi conseguiu falar com o pastor dela para que ainda fizessem um culto de memória a ela. Jorge, pai de Lucas foi avisado, mas compareceu somente ao sepultamento, com uma garrafa de cerveja na mão. Compareceram ainda várias pessoas da igreja, algumas ofereceram ajuda a Lucas. Alguns trouxeram um pouco de comida, outros o convidaram para passar uma tarde com eles. Mas ele nada aceitou. Estava com raiva de Deus e não queria ter nada a ver com as pessoas de igreja. Ele permaneceu mais um bom tempo ao lado da sepultura e de repente queria sair correndo para qualquer lugar, desde que longe dessas pessoas, do seu pai, de tudo. Mas Gabi que o observava de longe o impediu e foi conversar calmamente com ele mais uma vez.
- Lucas, posso conversar com você?
            - Eu não quero ouvir nada de Deus, ele matou a minha mãe.
            - Tudo bem. Então eu não vou falar Dele.
            - Nunca mais.
            - Isso eu não posso prometer.
            - Então pode sair daqui.
            - Á gente precisa conversar.
            - Só se você prometer nunca mais falar Dele.
            “Senhor o que eu faço? Como ele vai descobrir Teus caminhos, a salvação se não poderei falar de Ti?” Ele respondeu a ela “Eu tenho tudo sob controle, você precisa apenas ser amiga dele e ser um exemplo de vida para ele. No tempo certo eu vou lhe mostrar o que fazer. Apenas confie em mim.”
            - OK. Não vou mais mencionar Ele, até você mudar de idéia.
            - Pode deixar isso não vai acontecer. O que você quer falar?
            - Você vai continuar morando com seu pai?
            - Não. De jeito nenhum, aquele desgraçado, filho da mãe. Só agüentei ficar lá por causa da minha mãe.
            - E para onde você vai?
            - Não sei ainda, eu acho que vou morar com um amigo meu. Ele já ofereceu pra eu ficar na casa dele há um tempo. Só preciso arranjar um jeito de conseguir dinheiro. Não vou aceitar nada d dinheiro sujo do meu pai. E por que você está tão preocupada em me ajudar? Nem me conhece direito. E alem disso posso cuidar muito bem de mim mesmo. Sou mais velho que você, por que você quer dar uma de mãezinha pra cima de mim.
            - Primeiro que ser mais velho não quer dizer muita coisa, segundo que tua mãe  e mais uma pessoa me pediram. Você pode estar cego agora, mas algum dia você vai perceber que foi para o teu bem.
            - Tenho que ir agora, tenho mais i que fazer do que ficar aqui conversando.
            - Mas só uma coisa mais. – ela pegou o caderno dela, rasgou um afolha e anotou o e-mail dela. – por favor, me manda um e-mail dizendo como você está.
           - Eu... Eu não tenho e-mail. Aquele covarde gastava todo o dinheiro dele com bebida e quando eu economizava para comprar um, ele me roubava o que tinha.
            - Então ta, me manda uma carta então. – e ela anotou o endereço no verso. Mal ela entregou o papel a ele, já  saiu. Sem nem mesmo se despedir.

4 comentários:

  1. nossa amiga...
    esse com certeza foi o melhor capítulo até agora!!! Muito muito bonitas as palavras da mãe dele sério!
    bjus :0

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  2. Oi,
    gostei muito desse cap'
    muito emocionante!!!
    a Gabi está sendo realmente uma ótima amiga,
    e ela conhece esse rapaz a tão pouco tempo!

    quero saber o que vem a seguir!

    bjs

    Bia Suzena.

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  3. Concordo com a Bia minha leitora assídua e de quem sou leitor assíduo também. Aproveito o ensejo para deixar o link inicial do blog do meu texto VIDAS SEPARADAS que já tem 2 partes e ainda terá uma 3ª. Gostaria muito de ter você como leitora. Link:http://viniciuscannone.blogspot.com/2009/10/vidas-separadas.html
    Vinícius, novamente postando como anônimo devido às sabotagens da internet. Tenho Orkut, se quiser me adicionar e também msn, cujo link é: viniciuscannone@hotmail.com
    Parabéns pelo seu texto. Aguardo os próxims capítulos.

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