segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Capítulo 15 - A semente brotou!


Ela só colocou as bebidas em cima da mesa e voltou à cozinha de novo, nem percebeu que trocou toda ordem das bebidas na mesa. Ainda tinha um pouco de tempo até os pedidos ficarem prontos. Ela não conseguia desviar os pensamentos do rapaz da mesa que estava atendendo. Não era a mesma pessoa que ela conhecera no retiro. Ele era tão, tão, sei lá, chato, emburrado e... Tá certo ele tinha mudado um pouquinho durante o retiro, mas todos fazem isso. Não fazem? Mudam por dois dias ajeitam toda vida e se tornam melhores amigos de Deus por, sei lá uma semana? Tá certo ele me ajudou e aquela promessa dele de que eu ainda iria elogiar ele até o final do retiro. Ele realmente se esforçou pra tirar um elogio da minha boca, admito, não facilitei muito as coisas pra ele, mas mesmo assim naquela última tarde...
- Larissa, está tudo bem com você/
- Aham, só estou pensando um pouquinho... Você pode eh.. Servir a mesa 36?
- Sim claro, mas tem certeza que esta tudo bem?
- Sim, não é nada. Só preciso de uns minutinhos...
- Se você diz...
Aquela ultima tarde, da onde ele tirou aquilo? Felipe tinha uma última atividade para as duplas: cada um deveria, na chácara mesmo procurar alguma coisa ou pegasse alguma coisa sua para dar ao outro da dupla. E as duas se encontrariam na capela novamente e cada um iria falar alguma coisa que aprendeu com a dupla ou falar de uma qualidade que percebeu na outra pessoa. Foi uma das vezes que Larissa mais se surpreendeu. Ele, o mesmo pirralho que ela teve de suportar esses dois dias em algum lugar tinha achado uma semente de girassol. De GIRASSOL! E ele deu essa pequena semente para ela. Ainda lembrava as palavras dele: “Bem essa semente, não é muito grande, ela também não parece ser muita coisa, poderia facilmente engolida por um passarinho. Mas de algum jeito essa semente foi salva e quando ela for plantada e regada, muito regada e tomar uns bons banhos de sol ela vai crescer e crescer pra valer e ela vai estar sempre voltada para o sol. Tá agora você pode estar pensando o que esta semente tem a ver com você, ou com o retiro. Eu vou explicar. Todos aqui sabem como eu cheguei aqui pro retiro, como eu era antes até. Eu não era uma pessoa agradável, nenhum pouquinho. E até imagino como a Larissa deve ter se sentido quando soube que eu era a dupla dela. Mas bem. ela não reclamou nem nada apenas tentou tirar o melhor da situação: Mandou-me trabalhar! E o melhor de tudo: ela plantou uma semente. Eu sei que parece papo furado, mas ela realmente me fez pensar. E por isso vou ser eternamente agradecido a ela." É, ele realmente tinha mudado.

- Larissa! – ouviu alguém chamando ela, deve ter sido Angela.
- O que foi?
- O Alex quer falar com você. E pelo jeito é sério. – Larissa estranhou um pouquinho. Não sabia o que dizer. – Você quer ir? Se não eu também posso dar um jeito.
- Não, tudo bem. Eu vou. Só preciso de um gole de água.

- Senhorita!
- Alex, o que você quer?
- Nossa não precisa ser tão rude. Eu só queria conversar um pouquinho. Será que podemos dar uma voltinha lá fora?
- Mas por quê?
- Relaxa, confia em mim. Só quero conversar um pouquinho.
- Tá, espera um pouco. – Ela foi ver com o patrão se estava tudo bem se ela saísse um pouquinho. – Tenho 20 minutos. – Ela disse tirando o avental.
- Então vamos logo!- Larissa não sabia o que pensar. Não sabia de nada nesse momento. Só que queria aproveitar e ver no que isso dava.
- Você está bonita hoje.
- Hã, obrigada. E pra ser bem sincera, você está com uma aparência bem melhor desde o retiro. E bem mais educado também!
- É tudo culpa sua. Lembra do que eu falei lá no retiro? A semente que você plantou em mim germinou e está crescendo cada vez mais.
- Fico feliz em ouvir isso. Mas e o grupo de jovens. Desde o retiro não vejo mais você lá.
- É por que na semana antes do retiro nos mudamos para o outro lado da cidade e encontramos uma igreja do lado de casa e nós nos sentimos bem lá.
- Todos da sua família estão indo á igreja?
- Sim. Faz pouco tempo que vamos todos. Primeiramente ia só eu. Aí eu convidei meu irmão pra ir ao grupo de jovens e adolescentes de lá e ele ficou de olho em uma menina. Ele ainda está tentando convencê-la a namorar ele, mas ela, pelo jeito não quer saber dele! – os dois deram risada!
- Como é o nome do seu irmão?
- Adriano. Ele está na casa dos meus tios em São Paulo.
- E teus pais? Eles me parecem ser bem legais e felizes!
- Sim, eles estão. Eles não queriam saber muito de igreja, mas deixavam a gente ir. Contanto que isso não nos atrapalhasse nos estudos e deveres em casa tudo bem. Aí um dia um colega do meu pai o convidou pra ir ao futebol de sábado que tinha na igreja e devagar ele foi se enturmando e acabou gostando de freqüentar os cultos.
- Mas a sua mãe não queria ir ainda?
- Não. Ela é meio orgulhosa e não queria mostrar fraqueza e mudar de ideia. Só que a minha irmãzinha tinha desde que nasceu já um problema nos olhos. Ela estava usando um óculos de oito graus em cada olho. Além do tampão que ela também tinha que usar todos os dias. Meus Pais resolveram que ela iria fazer uma cirurgia fará reparar isso. Ele pediu orações da igreja e muitas pessoas foram lá em casa dar apoio para eles e mesmo durante a cirurgia havia pessoas no hospital orando por eles. Quando tudo isso passou e a Alessandra já estava melhor. Minha mãe foi junto com a gente pra igreja e levou ela junto pra agradecer todas as orações e apoio. E ela foi tão bem recebida e convidada pro grupo de mulheres que a partir de então raramente falta um domingo.
- Que maravilhoso! É pelo jeito a sua vida mudou mesmo.
- Sim graças a misericórdia de Deus e da ajuda da serva dele. Eu realmente não sei como te agradecer por aquele esforço lá no retiro. Não deve ter sido o retiro mais divertido pra você.
- Vou admitir que não foi mesmo. Mas valeu a pena e faria tudo de novo!
Passaram mais um bom tempo conversando. Deram a volta no parque e nem perceberam que o relógio não para.
- Tenho ir já, na verdade correr!
- Desculpa, não percebi o tempo passar, se você se encrencar com o seu patrão vou falar que a culpa é minha.
- Tudo bem, ele não é tão rígido assim. Obrigada pelo passeio! – Ela disse e queria sair correndo.
- Espera. Só um pouquinho. – disse ele e atravessou a rua correndo e voltou com um girassol na mão. Daqueles que ela tinha visto na caminho pro trabalho. – Não é muita coisa, mas para você lembrar da semente que você plantou e teve chace de virar um lindo girassol.
Lari ficou paralisada. Não sabia o que dizer. Olhou para ele, para a flor, para ele de novo. Ele estava encarando ela. – Você tem que ir. Disse ele com um sorriso de orelha a orelha lembrando ela do trabalho.
- Sim. E... Obrigada!- Ela deu um beijo no rosto dele e saiu correndo. Ele ainda ficou um tempo observando até que ela sumisse de vista e então foi andando em direção a casa dele.
 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Capítulo 14 - Não pode ser ele!


"Mais uma noite de trabalho, se bem eu estou precisando de um tempinho para alguma coisa diferente! Mas também não precisava justo ser uma noite de trabalho. Melhor seria uma ida ao parque, ou um cinema, talvez até jantar fora, mas não servir um jantar. Que é isso Larissa, você deveria estar feliz de não precisar trabalhar todos os dias que nem a coitada da Ângela. Ela é que quis, tá, não é bem assim. Ela precisava de dinheiro pra pagar o aluguel, pelo menos isso meus pais pagam pra mim! "Senhor obrigada por que eu não preciso trabalhar para pagar as minhas despesas. “E, por favor, faça valer a pena ter ido trabalhar hoje” É verdade eles pagavam isso e mais uns extras quando preciso, pensando bem não é só quando preciso, muitas vezes eles também mandam um pouquinho a mais. Falando nisso, eu tenho que agradecer minha mãe por me mandar aquele livro que eu tinha esquecido em casa! O que eu seria sem ela? Que saudade que eu sinto dela, desde aquela semana no hospital não vejo ela. Nem ela nem o tal do Lucas. Ele ainda não me mandou nenhuma noticia. Será que ele perdeu meu endereço? Ou não quis mesmo saber de mim, mas pelo menos pela lembrança a mãe dele ele deveria ter me escrito alguma coisa, ele viu que ela confiou em mim. Será que ele esta bem? E como será que ficou toda a situação com o pai dele? Ah são tantas coisas, eu realmente não sei o que fazer, na verdade nem sei se posso fazer alguma coisa. Pelo jeito o único que pode e aquele que sabe de tudo, criados de todas as coisas e pai querido que também quer ser o pai dele."Senhor, por favor, cuida dele onde quer que ele esteja. E se ele estiver com alguma dificuldade, mande alguém para ajudá-lo. Mesmo assim, mostra me alguma forma para que eu possa achá-lo e conversar com ele." Ai que lindas essas flores, e esses girassóis então, minhas preferidas! E aqui no meio da cidade não é sempre que se encontram uns por aqui e ainda por cima desse tamanho e tão bem cuidados. pena que sejam tão caros...
É, essa é a mente da Larissa! Falar ela pode não falar muito, mas em pensamento... Ela fala, fala e fala mais um pouco. Mudando de assunto toda hora, às vezes pula de um assunto para outro, nem termina o raciocínio, conversa com Deus e assim por diante. O bom dessa conversa imaginária é que ela acaba tão distraída que nem lembra mais por que ela começou: por causa do trabalho! E quando viu a banca de flores, já estava quase chegando ao restaurante, logo depois da praça. O restaurante era chique, tanto que ela tinha que usar uniforme, inclusive salto. Ela não era muito fã de usar salto, mas também não se incomodava. O nome do restaurante levava o do dono: Cheff Pablo, ele era um homem bem simpático, conversava com os clientes fazia umas gracinhas aqui e ali! Talvez seja por isso que o lugar estava sempre cheio. Ele simplesmente cativava os clientes que às vezes não tinham muito dinheiro sobrando para gastar com isso, mas economizavam um pouco mais e em ocasiões especiais jantavam lá. E ele sabia disso e sempre tinha algumas opções mais simples, mas não menos elegantes e sofisticadas no cardápio. Por outro lado tinha aquelas mais caras e sempre uma opção extra para "doações". Não exatamente doações, mas, por exemplo, oferecia cup cakes decorados, chocolates importados, ou coisas do tipo por preços um pouco mais altos, que ele usava para fazer outras com preços menores. Afinal, devido a localização o local era também freqüentado por chefes executivos, políticos e esses não se incomodavam em pagar um pouco mais, afinal, tinham dinheiro sobrando. Resumindo, o restaurante era elegante, sofisticado, mas todos eram aceitos e tratados da mesma forma. E Larissa tinha que assumir, era um lugar muito bom para trabalhar! Se não fosse pelo bar ao lado, seria perfeito! Esse bar na verdade era um bar de ricos, se é que existe alguma coisa desse tipo, mas o lugar tinha até seguranças na entrada o problema é que nos fundos tinha o mesmo espaço aberto que o restaurante e mesmo sendo um bar de executivos, muitos não sabem a hora de parar de beber e acabam arrumando confusões, ou em outras palavras, brigas feias. E estas acabam sempre acontecendo lá nos fundos. Ângela sempre comentava o que via lá e digamos que não deveria ser nada agradável, Lari não tinha visto nenhuma pessoalmente.
- Oi Ângela
- Ah, oi, você pode me ajudar a servir hoje?
- Dia corrido?
- Sim. Você pode ficar com o canto direito no fundo!
- Ok, só vou colocar o uniforme, já vou!
- Pode começar com a mesa 32.
- Já to indo!
- O bloquinho... - ofereceu Ângela, não era a primeira vez que Lari ia se esquecer do bloquinho para anotar os pedidos. Lari agradeceu e foi indo em direção ás mesas e a amiga teve que parar ela novamente -... e a caneta!
- Sim, claro!

A noite passou corrida, mal teve tempo de descansar um pouquinho.
- Eu estou acabada. - falou Ângela se sentado na cadeira ao lado de Larissa. - obrigada por ter vindo ajudar hoje.
- De nada!
- Mais um cliente. Pensaram que já tinha acabado? Podem voltar ao serviço. – falou Pablo vendo as duas sentadas. Tratava-as bem, mas tinham que fazer tudo certinho também.
- Ai, você pode ir? Pooor favooor? – perguntou Ângela para a amiga com uma cara de “gatinho do Shrek”.
- Tudo bem, eu vou, descanse um pouco!
- Obrigada.

- Bem vindos ao Cheff Pablo! Três pessoas? – perguntou ela aos clientes.
- Na verdade quatro, meu filho já está vindo.
- Ah, posso sugerir um lugar sossegado lá no canto?
- Vai ser ótimo!
- Vocês querem pedir já?
- Vamos esperar o meu filho.
- Ok! - enquanto isso foi pegar os cardápios e logo que viu um rapaz entrando foi em direção a mesa para deixá-los lá. Chegou ao mesmo tempo em que o rapaz. Ele se parecia com o Alex, mas, não. Não poderia ser. Ou?
- Larissa? – ele olhou surpreso para ela.
- Alex.
- Nunca vi você por aqui, começou faz pouco tempo?
- Na verdade só ajudo de vez em quando, quando precisam.
- Ah, posso pedir já?
- Claro!
- Vou querer uma lasanha, por favor! - Por favor? Desde quando o Alex diz, por favor? E ainda por cima para uma garçonete? E ele está tão diferente, tranqüilo, ofereceu ajuda para a mãe dele. Esse não é o Alex que eu conheço. primeiramente a roupa dele: uma camisa, ele nunca veste camisa, e o tênis dele está limpo e o cabelo penteado, esse sorriso... – ela se distraiu um pouquinho. Mas por uma boa coisa!
- Com licença.
- Ah sim, o que vocês desejam?
- Um salmão ao molho, um bife sem ervilhas e Mariana o que você quer?
- Macarrão.
- Filinha eles não tem macarrão aqui.
- Na verdade temos na sessão infantil que é nova um prato de macarrão com molho e batata frita. Posso anotar?
- Sim.
- E bebidas?
- Duas cocas. E vocês dois o que vão querer?
- Uma fanta.
- E eu vou querer um suco.
- Limonada suiça, maracujá, abacaxi ou morango?
- Pode ser uma limonada suíça, por favor. - De novo? Eu devo estar imaginando isso. Esse definitivamente não é o Alex que eu conheço!
- Mais alguma coisa?
- Não, obrigado. - Essa foi a gota d’água. Ela se virou e tratou de sair logo dali, antes que ele percebesse a cara de surpresa que ela estava fazendo. Na verdade era mais pra cara de assustada.

De volta a cozinha, Ângela veio em direção a ela e percebeu que ela estava meio corada.
-Larissa, o que é isso? Você ficou encarando o Alex, na maior cara-dura!
- Hã? O que foi?
- Você ficou encarando o Alex.
- Claro que não!
- Não nega Lari que eu vi, qualquer um que teria olhado pra você teria percebido. Imagina o que ele deve estar pensando de você!
- Ah que é isso, ele nem deve ter percebido, ele é tão desligado
- Querida, a única desligada aqui é você!
- Eu?
- É, você mesma. Aqui estão as bebidas deles.
- Ha? De quem?
- As bebidas da mesa que você esta atendendo,
- Sim, sim,...