sábado, 21 de janeiro de 2012

Capítulo 14 - Não pode ser ele!


"Mais uma noite de trabalho, se bem eu estou precisando de um tempinho para alguma coisa diferente! Mas também não precisava justo ser uma noite de trabalho. Melhor seria uma ida ao parque, ou um cinema, talvez até jantar fora, mas não servir um jantar. Que é isso Larissa, você deveria estar feliz de não precisar trabalhar todos os dias que nem a coitada da Ângela. Ela é que quis, tá, não é bem assim. Ela precisava de dinheiro pra pagar o aluguel, pelo menos isso meus pais pagam pra mim! "Senhor obrigada por que eu não preciso trabalhar para pagar as minhas despesas. “E, por favor, faça valer a pena ter ido trabalhar hoje” É verdade eles pagavam isso e mais uns extras quando preciso, pensando bem não é só quando preciso, muitas vezes eles também mandam um pouquinho a mais. Falando nisso, eu tenho que agradecer minha mãe por me mandar aquele livro que eu tinha esquecido em casa! O que eu seria sem ela? Que saudade que eu sinto dela, desde aquela semana no hospital não vejo ela. Nem ela nem o tal do Lucas. Ele ainda não me mandou nenhuma noticia. Será que ele perdeu meu endereço? Ou não quis mesmo saber de mim, mas pelo menos pela lembrança a mãe dele ele deveria ter me escrito alguma coisa, ele viu que ela confiou em mim. Será que ele esta bem? E como será que ficou toda a situação com o pai dele? Ah são tantas coisas, eu realmente não sei o que fazer, na verdade nem sei se posso fazer alguma coisa. Pelo jeito o único que pode e aquele que sabe de tudo, criados de todas as coisas e pai querido que também quer ser o pai dele."Senhor, por favor, cuida dele onde quer que ele esteja. E se ele estiver com alguma dificuldade, mande alguém para ajudá-lo. Mesmo assim, mostra me alguma forma para que eu possa achá-lo e conversar com ele." Ai que lindas essas flores, e esses girassóis então, minhas preferidas! E aqui no meio da cidade não é sempre que se encontram uns por aqui e ainda por cima desse tamanho e tão bem cuidados. pena que sejam tão caros...
É, essa é a mente da Larissa! Falar ela pode não falar muito, mas em pensamento... Ela fala, fala e fala mais um pouco. Mudando de assunto toda hora, às vezes pula de um assunto para outro, nem termina o raciocínio, conversa com Deus e assim por diante. O bom dessa conversa imaginária é que ela acaba tão distraída que nem lembra mais por que ela começou: por causa do trabalho! E quando viu a banca de flores, já estava quase chegando ao restaurante, logo depois da praça. O restaurante era chique, tanto que ela tinha que usar uniforme, inclusive salto. Ela não era muito fã de usar salto, mas também não se incomodava. O nome do restaurante levava o do dono: Cheff Pablo, ele era um homem bem simpático, conversava com os clientes fazia umas gracinhas aqui e ali! Talvez seja por isso que o lugar estava sempre cheio. Ele simplesmente cativava os clientes que às vezes não tinham muito dinheiro sobrando para gastar com isso, mas economizavam um pouco mais e em ocasiões especiais jantavam lá. E ele sabia disso e sempre tinha algumas opções mais simples, mas não menos elegantes e sofisticadas no cardápio. Por outro lado tinha aquelas mais caras e sempre uma opção extra para "doações". Não exatamente doações, mas, por exemplo, oferecia cup cakes decorados, chocolates importados, ou coisas do tipo por preços um pouco mais altos, que ele usava para fazer outras com preços menores. Afinal, devido a localização o local era também freqüentado por chefes executivos, políticos e esses não se incomodavam em pagar um pouco mais, afinal, tinham dinheiro sobrando. Resumindo, o restaurante era elegante, sofisticado, mas todos eram aceitos e tratados da mesma forma. E Larissa tinha que assumir, era um lugar muito bom para trabalhar! Se não fosse pelo bar ao lado, seria perfeito! Esse bar na verdade era um bar de ricos, se é que existe alguma coisa desse tipo, mas o lugar tinha até seguranças na entrada o problema é que nos fundos tinha o mesmo espaço aberto que o restaurante e mesmo sendo um bar de executivos, muitos não sabem a hora de parar de beber e acabam arrumando confusões, ou em outras palavras, brigas feias. E estas acabam sempre acontecendo lá nos fundos. Ângela sempre comentava o que via lá e digamos que não deveria ser nada agradável, Lari não tinha visto nenhuma pessoalmente.
- Oi Ângela
- Ah, oi, você pode me ajudar a servir hoje?
- Dia corrido?
- Sim. Você pode ficar com o canto direito no fundo!
- Ok, só vou colocar o uniforme, já vou!
- Pode começar com a mesa 32.
- Já to indo!
- O bloquinho... - ofereceu Ângela, não era a primeira vez que Lari ia se esquecer do bloquinho para anotar os pedidos. Lari agradeceu e foi indo em direção ás mesas e a amiga teve que parar ela novamente -... e a caneta!
- Sim, claro!

A noite passou corrida, mal teve tempo de descansar um pouquinho.
- Eu estou acabada. - falou Ângela se sentado na cadeira ao lado de Larissa. - obrigada por ter vindo ajudar hoje.
- De nada!
- Mais um cliente. Pensaram que já tinha acabado? Podem voltar ao serviço. – falou Pablo vendo as duas sentadas. Tratava-as bem, mas tinham que fazer tudo certinho também.
- Ai, você pode ir? Pooor favooor? – perguntou Ângela para a amiga com uma cara de “gatinho do Shrek”.
- Tudo bem, eu vou, descanse um pouco!
- Obrigada.

- Bem vindos ao Cheff Pablo! Três pessoas? – perguntou ela aos clientes.
- Na verdade quatro, meu filho já está vindo.
- Ah, posso sugerir um lugar sossegado lá no canto?
- Vai ser ótimo!
- Vocês querem pedir já?
- Vamos esperar o meu filho.
- Ok! - enquanto isso foi pegar os cardápios e logo que viu um rapaz entrando foi em direção a mesa para deixá-los lá. Chegou ao mesmo tempo em que o rapaz. Ele se parecia com o Alex, mas, não. Não poderia ser. Ou?
- Larissa? – ele olhou surpreso para ela.
- Alex.
- Nunca vi você por aqui, começou faz pouco tempo?
- Na verdade só ajudo de vez em quando, quando precisam.
- Ah, posso pedir já?
- Claro!
- Vou querer uma lasanha, por favor! - Por favor? Desde quando o Alex diz, por favor? E ainda por cima para uma garçonete? E ele está tão diferente, tranqüilo, ofereceu ajuda para a mãe dele. Esse não é o Alex que eu conheço. primeiramente a roupa dele: uma camisa, ele nunca veste camisa, e o tênis dele está limpo e o cabelo penteado, esse sorriso... – ela se distraiu um pouquinho. Mas por uma boa coisa!
- Com licença.
- Ah sim, o que vocês desejam?
- Um salmão ao molho, um bife sem ervilhas e Mariana o que você quer?
- Macarrão.
- Filinha eles não tem macarrão aqui.
- Na verdade temos na sessão infantil que é nova um prato de macarrão com molho e batata frita. Posso anotar?
- Sim.
- E bebidas?
- Duas cocas. E vocês dois o que vão querer?
- Uma fanta.
- E eu vou querer um suco.
- Limonada suiça, maracujá, abacaxi ou morango?
- Pode ser uma limonada suíça, por favor. - De novo? Eu devo estar imaginando isso. Esse definitivamente não é o Alex que eu conheço!
- Mais alguma coisa?
- Não, obrigado. - Essa foi a gota d’água. Ela se virou e tratou de sair logo dali, antes que ele percebesse a cara de surpresa que ela estava fazendo. Na verdade era mais pra cara de assustada.

De volta a cozinha, Ângela veio em direção a ela e percebeu que ela estava meio corada.
-Larissa, o que é isso? Você ficou encarando o Alex, na maior cara-dura!
- Hã? O que foi?
- Você ficou encarando o Alex.
- Claro que não!
- Não nega Lari que eu vi, qualquer um que teria olhado pra você teria percebido. Imagina o que ele deve estar pensando de você!
- Ah que é isso, ele nem deve ter percebido, ele é tão desligado
- Querida, a única desligada aqui é você!
- Eu?
- É, você mesma. Aqui estão as bebidas deles.
- Ha? De quem?
- As bebidas da mesa que você esta atendendo,
- Sim, sim,...

2 comentários:

  1. Estava com saudades das meninas já..hehhe.

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  2. Este texto está cada vez mais original e realista. Mesmo viajando no texto, percebo as sensações de surpresa que a vida reserva e até estou imaginando como vai continuar.

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