"Mais
uma noite de trabalho, se bem eu estou precisando de um tempinho para alguma
coisa diferente! Mas também não precisava justo ser uma noite de trabalho. Melhor
seria uma ida ao parque, ou um cinema, talvez até jantar fora, mas não servir
um jantar. Que é isso Larissa, você deveria estar feliz de não precisar
trabalhar todos os dias que nem a coitada da Ângela. Ela é que quis, tá, não é
bem assim. Ela precisava de dinheiro pra pagar o aluguel, pelo menos isso meus
pais pagam pra mim! "Senhor obrigada por que eu não preciso trabalhar para
pagar as minhas despesas. “E, por favor, faça valer a pena ter ido trabalhar
hoje” É verdade eles pagavam isso e mais uns extras quando preciso, pensando bem
não é só quando preciso, muitas vezes eles também mandam um pouquinho a mais.
Falando nisso, eu tenho que agradecer minha mãe por me mandar aquele livro que
eu tinha esquecido em casa! O que eu seria sem ela? Que saudade que eu sinto
dela, desde aquela semana no hospital não vejo ela. Nem ela nem o tal do Lucas.
Ele ainda não me mandou nenhuma noticia. Será que ele perdeu meu endereço? Ou
não quis mesmo saber de mim, mas pelo menos pela lembrança a mãe dele ele
deveria ter me escrito alguma coisa, ele viu que ela confiou em mim. Será que
ele esta bem? E como será que ficou toda a situação com o pai dele? Ah são
tantas coisas, eu realmente não sei o que fazer, na verdade nem sei se posso
fazer alguma coisa. Pelo jeito o único que pode e aquele que sabe de tudo,
criados de todas as coisas e pai querido que também quer ser o pai
dele."Senhor, por favor, cuida dele onde quer que ele esteja. E se ele
estiver com alguma dificuldade, mande alguém para ajudá-lo. Mesmo assim, mostra
me alguma forma para que eu possa achá-lo e conversar com ele." Ai que
lindas essas flores, e esses girassóis então, minhas preferidas! E aqui no meio
da cidade não é sempre que se encontram uns por aqui e ainda por cima desse
tamanho e tão bem cuidados. pena que sejam tão caros...
É, essa é a
mente da Larissa! Falar ela pode não falar muito, mas em pensamento... Ela
fala, fala e fala mais um pouco. Mudando de assunto toda hora, às vezes pula de
um assunto para outro, nem termina o raciocínio, conversa com Deus e assim por
diante. O bom dessa conversa imaginária é que ela acaba tão distraída que nem
lembra mais por que ela começou: por causa do trabalho! E quando viu a banca de
flores, já estava quase chegando ao restaurante, logo depois da praça. O
restaurante era chique, tanto que ela tinha que usar uniforme, inclusive salto.
Ela não era muito fã de usar salto, mas também não se incomodava. O nome do
restaurante levava o do dono: Cheff Pablo, ele era um homem bem simpático,
conversava com os clientes fazia umas gracinhas aqui e ali! Talvez seja por
isso que o lugar estava sempre cheio. Ele simplesmente cativava os clientes que
às vezes não tinham muito dinheiro sobrando para gastar com isso, mas
economizavam um pouco mais e em ocasiões especiais jantavam lá. E ele sabia
disso e sempre tinha algumas opções mais simples, mas não menos elegantes e
sofisticadas no cardápio. Por outro lado tinha aquelas mais caras e sempre uma opção
extra para "doações". Não exatamente doações, mas, por exemplo,
oferecia cup cakes decorados,
chocolates importados, ou coisas do tipo por preços um pouco mais altos, que
ele usava para fazer outras com preços menores. Afinal, devido a localização o
local era também freqüentado por chefes executivos, políticos e esses não se
incomodavam em pagar um pouco mais, afinal, tinham dinheiro sobrando. Resumindo,
o restaurante era elegante, sofisticado, mas todos eram aceitos e tratados da
mesma forma. E Larissa tinha que assumir, era um lugar muito bom para
trabalhar! Se não fosse pelo bar ao lado, seria perfeito! Esse bar na verdade
era um bar de ricos, se é que existe alguma coisa desse tipo, mas o lugar tinha
até seguranças na entrada o problema é que nos fundos tinha o mesmo espaço
aberto que o restaurante e mesmo sendo um bar de executivos, muitos não sabem a
hora de parar de beber e acabam arrumando confusões, ou em outras palavras,
brigas feias. E estas acabam sempre acontecendo lá nos fundos. Ângela sempre
comentava o que via lá e digamos que não deveria ser nada agradável, Lari não
tinha visto nenhuma pessoalmente.
- Oi Ângela
- Ah, oi, você
pode me ajudar a servir hoje?
- Dia
corrido?
- Sim. Você
pode ficar com o canto direito no fundo!
- Ok, só vou
colocar o uniforme, já vou!
- Pode
começar com a mesa 32.
- Já to
indo!
- O
bloquinho... - ofereceu Ângela, não era a primeira vez que Lari ia se esquecer
do bloquinho para anotar os pedidos. Lari agradeceu e foi indo em direção ás
mesas e a amiga teve que parar ela novamente -... e a caneta!
- Sim,
claro!
A noite
passou corrida, mal teve tempo de descansar um pouquinho.
- Eu estou acabada.
- falou Ângela se sentado na cadeira ao lado de Larissa. - obrigada por ter
vindo ajudar hoje.
- De nada!
- Mais um
cliente. Pensaram que já tinha acabado? Podem voltar ao serviço. – falou Pablo vendo
as duas sentadas. Tratava-as bem, mas tinham que fazer tudo certinho também.
- Ai, você pode
ir? Pooor favooor? – perguntou Ângela para a amiga com uma cara de “gatinho do Shrek”.
- Tudo bem,
eu vou, descanse um pouco!
- Obrigada.
- Bem vindos
ao Cheff Pablo! Três pessoas? – perguntou ela aos clientes.
- Na verdade
quatro, meu filho já está vindo.
- Ah, posso
sugerir um lugar sossegado lá no canto?
- Vai ser
ótimo!
- Vocês
querem pedir já?
- Vamos
esperar o meu filho.
- Ok! -
enquanto isso foi pegar os cardápios e logo que viu um rapaz entrando foi em
direção a mesa para deixá-los lá. Chegou ao mesmo tempo em que o rapaz. Ele se
parecia com o Alex, mas, não. Não poderia ser. Ou?
- Larissa? –
ele olhou surpreso para ela.
- Alex.
- Nunca vi
você por aqui, começou faz pouco tempo?
- Na verdade
só ajudo de vez em quando, quando precisam.
- Ah, posso
pedir já?
- Claro!
- Vou querer
uma lasanha, por favor! - Por favor? Desde quando o Alex diz, por favor? E
ainda por cima para uma garçonete? E ele está tão diferente, tranqüilo,
ofereceu ajuda para a mãe dele. Esse não é o Alex que eu conheço. primeiramente
a roupa dele: uma camisa, ele nunca veste camisa, e o tênis dele está limpo e o
cabelo penteado, esse sorriso... – ela se distraiu um pouquinho. Mas por uma boa
coisa!
- Com
licença.
- Ah sim, o
que vocês desejam?
- Um salmão ao
molho, um bife sem ervilhas e Mariana o que você quer?
- Macarrão.
- Filinha eles
não tem macarrão aqui.
- Na verdade
temos na sessão infantil que é nova um prato de macarrão com molho e batata frita.
Posso anotar?
- Sim.
- E bebidas?
- Duas cocas.
E vocês dois o que vão querer?
- Uma fanta.
- E eu vou
querer um suco.
- Limonada
suiça, maracujá, abacaxi ou morango?
- Pode ser
uma limonada suíça, por favor. - De novo? Eu devo estar imaginando isso. Esse
definitivamente não é o Alex que eu conheço!
- Mais
alguma coisa?
- Não, obrigado.
- Essa foi a gota d’água. Ela se virou e tratou de sair logo dali, antes que
ele percebesse a cara de surpresa que ela estava fazendo. Na verdade era mais pra
cara de assustada.
De volta a cozinha,
Ângela veio em direção a ela e percebeu que ela estava meio corada.
-Larissa, o que
é isso? Você ficou encarando o Alex, na maior cara-dura!
- Hã? O que
foi?
- Você ficou
encarando o Alex.
- Claro que
não!
- Não nega
Lari que eu vi, qualquer um que teria olhado pra você teria percebido. Imagina
o que ele deve estar pensando de você!
- Ah que é
isso, ele nem deve ter percebido, ele é tão desligado
- Querida, a
única desligada aqui é você!
- Eu?
- É, você mesma.
Aqui estão as bebidas deles.
- Ha? De
quem?
- As bebidas
da mesa que você esta atendendo,
- Sim,
sim,...
Estava com saudades das meninas já..hehhe.
ResponderExcluirEste texto está cada vez mais original e realista. Mesmo viajando no texto, percebo as sensações de surpresa que a vida reserva e até estou imaginando como vai continuar.
ResponderExcluir