domingo, 19 de junho de 2011

Capítulo 6 - Conversas

Por dez minutos os dois ficaram abraçados, Gabi sentia algo especial por aquele rapaz, ela sentia que ele precisava de ajuda, de consolo. Quando se separaram foi a primeira vez que ele olhou bem no rosto daquela menina, se perguntou por que ela estava ali se nem o conhecia, o que ela estava fazendo abraçada com ele. Não, ela não estava se aproveitando dele como as outras, ou como ele fizera com algumas meninas, ela tinha uma aparência tão inocente, de quem que só quer consolar alguém triste.
Por alguns segundos os dois não sabiam o que falar ou fazer, e ele resolveu quebrar o silêncio:
- Meu nome é Luke, quer dizer Lucas Gabriel.
- O meu é Gabriela.
- Posso fazer uma pergunta?
- Por que eu estou aqui? – falou Gabi, já adivinhando a pergunta. Minha mãe está com uma costela fraturada. Por que estou fazendo isso? Deus disse e eu obedeci outra resposta não tenho.
- Deus?
- Isso mesmo, Deus me disse que você estava precisando de consolo que só ele poderia te dar.
- Como assim? Eu não preciso de nada Dele. Ele abandonou minha mãe no acidente. Ela ia pra Igreja todo domingo, orava todos os dias dava o dízimo, atura meu pai quando ele bate nela, ela é uma pessoa tão boa. Por que ela teve sofrer um acidente, justo ela? Não poderia ser meu pai? Como que Deus pode existir se ele deixa uma coisa dessas acontecer?
“Deus você não facilitou muita coisa pra mim né? Ajude-me a dizer as palavras certas a ele.”
- Bem, uma coisa eu sei: às vezes não entendemos na hora o que Ele faz, mas algum tempo mais tarde você vai perceber que por alguma razão isso teve que acontecer, eu mesma não sei de muitas coisas que Deus faz, mas sei que faz o melhor pra mim.
- Mas como você pode acreditar nisso? Deus nunca se mostrou, ele anda escondido de todo mundo.
- Deus não se esconde, é verdade que ele não aparece em forma de ser humano. Mas para quem o procurar com certeza Deus vai se mostrar.
- É pode ser, minha mãe sempre conversava tão abertamente com ele, como se ele fosse o melhor amigo dela.
- Ele pode ser o melhor amigo de cada um, é só querer.
Gabriela sentia que ele estava começando a se abrir para Deus, mas na hora a enfermeira chegou avisando que já poderia ir ver sua mãe. Ela se despediu de Lucas e foi ver sua mãe. Elas aproveitaram o tempo para botar a conversa em dia e Gabi comentou sobre o que tinha acontecido há poucos instantes. As duas oraram pelo rapaz e a mãe falou que deveriam continuar orando por ele. Quando sua mãe dormiu de novo, foi tomar mais alguma coisa e procurou por Lucas. Ela o procurou onde tinham falado antes, mas não viu ele lá, procurou ainda por alguns outros corredores, mas nada desse piá aparecer. Sua ultima esperança era olhar novamente na sala onde antes tinham se encontrado, ela queria tanto falar com ele, continuar a conversa, poxa, ele estava começando a se abrir pra escutá-la e aí ela teve que ir. E se eu não encontrar mais ele? Ele não vai mais ouvir se Jesus? E como será que a mãe dele estaria? Ela precisava encontrar ele. Ela foi pra sala de espera, mas não estava lá.
Quando estava voltando para o quarto da mãe, trombou com seu pai. Como Jackeline estava dormindo ele resolveu levar a filha para casa e depois voltaria para passar a noite com a esposa. Seu pai apenas a deixou no portão de casa e voltou para o hospital. Entrou em casa e sentiu algo estranho. A casa estava tão vazia, um pouco desarrumada, tá bom, um pouco muito desarrumada. Mas fazer o que, a mãe esteve fora desde quinta-feira, e provavelmente o pai oferecera o lugar para fazer a reunião dos homens que acontecia a cada duas semanas. Ela resolveu arrumar a casa um pouquinho, apesar de ser domingo, não tinha muita coisa pra fazer. Aproveitou e ligou seu MP3. Afinal, quem é que fica limpando a casa sozinha sem nem um pouco de música? E como era quase inevitável começou a cantar junto e a dançar, quem nunca fez isso?
Quando terminou, resolveu ligar pra sua amiga. 

- Alô!
- Alô, quem fala?
- Aqui é o Marcelo.
- Que Marcelo?
- Ué, Marcelo. Com quem você queria falar?
- Minha amiga.
- Como é nome dela?
Gabriela não sabia se respondia ou não, ela tinha certeza de que ligara no número certo, mas não conhecia nenhum Marcelo. Mas acabou cedendo afinal, sabia do que a amiga era capaz de faze, talvez estivesse interrompendo alguma sessão cinema com o grupo de jovens, ou uma noite com pizza...
- Larissa.
- Ah tá, espera só um pouco...
- Larissaaaaa.
- O que foi? Não to a fim de atender o telefone agora, manda ligar mais tarde. – foi o que Gabi escutou de fundo. E logo o rapaz respondeu para ela no telefone.
- Bem, ela tá meio ocupada, você poderia ligar mais tarde de novo.
- Na verdade não, eu estou ligando do Mato Grosso do Sul eu gostaria de falar com ela agora.
- Gabriela eu acho que é meio urgente.
- Quem é?
- Quem é? – ele perguntou agora ao telefone.
Gabriela.
- Gabriela.
- Ah por que não falou logo? Imagina se eu não vou falar com ela? Oi amiga! Como está tua mãe?
- Está bem, dadas as circunstâncias. Eu preciso te contar uma coisa meio estranha e maravilhosa que aconteceu hoje.
- Fala amiga.
- Bem, hoje enquanto eu estava esperando a enfermeira me deixar ir visitar minha mãe, eu vi um cara.
- Ele era bonitinho?
- Calma aí, eu nem reparei direito.
- Mas reparou, não é? Como que ele era?
- Como assim?
- Altura, cor do cabelo, do olho, musculoso, coisa básica Gabi. Em alguma coisa você deve ter prestado atenção!
- Ah sei lá. – ela falou, não queria a amiga perguntando mais sobre a aparência dele, ela queria contar o que tinha acontecido. Mas por outro lado, sabia que a amiga não iria largar do pé antes de descobrir esses detalhes. Resolveu contar – Ele é um pouco mais alto que eu, cabelo castanho e olhos cor-de-mel. Satisfeita?
- Quase, mas é melhor do que nada! Então o que tinha ele?
- Eu estava sentada lá no sofá da recepção e eu vi que ele estava meio triste, chorando. E Deus me falou pra eu ir consolar ele.
- Peraí. Você, Gabriela foi consolar alguém que você nem conhecia e um menino ainda por cima? Essa eu queria ter visto!
- Por mim eu nem teria ido, foi Deus quem me de forças.
- E você conversou com ele mais um pouco?
- Ah, nós nos apresentamos... – bastou falar isso que Larissa já fez a próxima pergunta:
- E? Como era o nome dele?
- Lucas Gabriel.
- Que fofo! Continua...
-... E aí ela me perguntou por que eu estava fazendo aquilo e eu falei sobre Deus para ele. A mãe dele, pelo que ele me contou é cristã, mas ele não acredita muito em Deus. Tomara que eu o veja de novo pra poder falar mais com ele!
- É tomara amiga, vou orar por você e por ele.
- E você? O que está aprontado, heim? E quem é esse tal de Marcelo?
- Marcelo?
- É o cara que atendeu o telefone.
- Ah esse Marcelo... Na verdade eu não o conhecia por esse nome, eu acho que ele é mais conhecido na região por Rafael.
- E o que ele está fazendo aí?
- A gente reuniu umas pessoas dos jovens pra assistir um filme e etc, ele ficou pra me ajudar a arrumar a casa de novo.
- Ai que fofo. E aí conversaram bastante?
- Na verdade não, nem deu muito tempo, os outros acabaram de sair. Espero poder conversar um pouco mais com ele agora.
- Juízo heim.
- Sim mamãe!
- Depois você me conta tudo. Beijos.
- Tchau.