domingo, 29 de maio de 2011

Capítulo 5 - Um abraço de consolo

As três ainda tiveram um bom tempo juntas antes de a D. Jacke voltou pra Mato Grosso do Sul no sábado á noite. No culto de domingo de manhã, a mensagem fora sobre II Coríntios 1:5-7: “Pois assim como os sofrimentos de Cristo transbordam sobre nós, também por meio de Cristo transborda a nossa consolação. Se somos atribulados, é para consolação e salvação de vocês; se somos consolados, é para consolação de vocês, a qual lhes dá paciência para suportarem os mesmos sofrimentos que nós estamos padecendo. E a nossa esperança em relação a vocês está firme, porque sabemos que, da mesma forma como vocês participam dos nossos sofrimentos, participam também da nossa consolação.” Gabi não prestou muita atenção na mensagem, para que também? Ela é jovem ainda nunca passou por um problema muito sério, seus pais se amavam, ela estava em uma boa faculdade, tinha bons amigos... Tá certo que ela também queria um “mais que amigo”, mas isso não era motivo de desespero. Pelo menos não para ela, por que, meu chapéu, tem meninas que não sobrevivem um fim se semana sem o namorado, tá, exagerei um pouco né? Mas vocês entenderam o que eu quis dizer. Bem voltando ao assunto, mesmo não tendo prestado muita atenção, resolveu marcar os versículos na bíblia. Quando as duas já estavam voltando pro apartamento, Gabi recebeu uma ligação. Era seu pai.
- Fala pai, a mãe chegou bem em casa?
- É por causa dela que estou ligando. Recebi uma ligação que ela e o teu tio sofreram um acidente.
Gabriela ficou pálida, pensando o que poderia ter acontecido com a mãe, ela se machucou muito? Será que ela... Passaram por sua cabeça alguns momentos que passara com a mãe, quando pequena a mãe levava-a ao parque, brincavam juntas e depois ainda comiam um algodão doce. Lembrou das vezes em que a desobedecera, em que não disse que amava a mãe, em que não a abraçara das vezes em que simplesmente preferiu outra coisa a ficar com a mãe. Mergulhou tanto em seus pensamentos que não conseguia nem falar nem escutar nada. Lari pegou o telefone da mão dela, ela nem reagiu. Larissa então falou com o pai dela, Luís, que explicou que D. Jacke estava no hospital, mas que estava tudo bem com ela, dadas as circunstâncias. Estava apenas com alguns ferimentos, mas também estava com uma costela fraturada. Gabriela então resolveu ir até Campo Grande para ajudar seu pai a cuidar da mãe.
Conseguiu pegar o ônibus naquela mesma tarde. Seriam quase 15 horas de viagem, 15 longas horas de viagem. Na maior parte da viagem ficou lendo um livro que tinha levado e estava escutando música. Aproveitou também para dormir um pouco, já que não sabia o quanto ela iria dormir no hospital. Lá pelas quatro ou cinco horas da madrugada o ônibus pára, por causa de uma conexão. Alguns passageiros saíram e outros entraram, ela percebeu que a mulher ao sal lado tinha saído e em seu lugar sentou-se um homem. Ele parecia exausto. Não parecia ser muito velho, talvez tivesse uns 21 ou 22, ele não era nenhum deus grego, mas tinha lá seus encantos era alto, moreno e com o corpo bem defnido. Vestia um terno, estava todo arrumado, mas tinha algo em seus olhos, uma tristeza que jamais vira em alguém. Gabi sentia Deus falando em seu coração: “Ore por esse rapaz. Ele precisa de consolo que só Eu posso lhe dar.” E no mesmo instante ela começou a orar, pedindo que Deus o consolasse, que o guardasse e que o protegesse nesse momento e também para o resto de sua vida.
Chegando à Rodoviária, seu pai já estava esperando-a. Correu para os braços do pai, mesmo estando já com 19 anos, continuava gostando da sensação de proteção e consolo nos braços dele.          
- Você quer passar no hospital primeiro ou ir direto para casa?
            - Eu quero ir ver a mamãe primeiro.
            - Então tá, eu vou deixar no hospital enquanto isso vou buscar mais umas roupas e livros pra tua mãe.
            - Tá bom. Posso perguntar uma coisa pai?
            - Pode sim.
            - Você dormiu hoje de noite?
            - Um pouco, tua mãe estava sentindo muita dor e não conseguia dormir.
            - então aproveita e dorme mais um pouco em casa, eu fico com a mamãe aqui no hospital. Eu acho que ainda temos bastante papo pra colocar em dia.
            - Então tá. Mas qualquer coisa me liga.
            - Pode deixar. Boa noite. Apesar de já serem 10horas da manhã, espero que você durma bem.
            - Obrigado, até depois.
            Ela entrou no hospital e perguntou qual era o quarto de sua mãe. A enfermeira respondeu – lhe o número do quarto e pediu que ela esperasse mais uma meia hora, pois o médico estava no quarto da mãe fazendo mais alguns exames e ainda indicou a sala de espera, onde também tinha café. Gabi aproveitou para tomar um pouco de café e comer uns biscoitou, pois não comera nada além de algumas coisinhas que foram distribuídas no ônibus. Tão logo ela se sentou no sofá da sala de espera, percebeu que tinha um homem chorando ao seu lado. Olhou um pouco melhor e viu que era o mesmo homem do ônibus. Ela se lembrou dos versículos dos quais o pastor tinha falado no culto, procurou de novo na bíblia, lembrava que estava em algum lugar em coríntios. Achou e leu de novo percebeu que era Deus falando com La novamente para consolar aquele rapaz. Por ela ser uma pessoa tímida, teve tomar muita coragem e oração para conseguir falar as palavras de Deus a ele.
            - Com licença, você está bem? – Ele nem levantou a cabeça. “Senhor, como Você quer que eu fale e console alguém que nem quer falar comigo, que nem me escuta?” “Tente de novo.” Ela encostou a sua mão no ombro dele e perguntou de novo:
            - Você está bem? Ela a olhou meio assustado. Ela percebeu os olhos dele eram lindos, um tipo de castanho, cor de mel. Ele começou a soluçar novamente, ela, antes de perceber o que estava acontecendo abraçou ele. Um abraço de consolo.                                                                                                            

terça-feira, 10 de maio de 2011

Capítulo 4 – Bolsa de Valores

- E como vão as coisas por aqui? – falou a mãe começando um típico interrogatório, mas a gente tem que dar um desconto né? Jackeline não vê sua filha há três semanas.
- Vai tudo bem. Eu acho.
-E vocês duas estão se dando bem?
- Claro né mãe, já somos amigas há séculos.
- Quem sabe, às vezes quando vão morar juntas até as melhores amigas do mundo podem brigar.
- Discutir, nós já discutimos algumas vezes, mas nada de tão ruim.
- E a arrumação da casa?  Ela tá sempre limpinha?
- Bem, digamos que na maioria das vezes ela tá arrumada. E lá no Mato Grosso? Tá todo mundo feliz e contente? – Gabi resolveu mudar um pouco de assunto. Vai que a mãe resolvesse perguntar quantas vezes por semana elas limpavam a casa e tal...
- Nem todo mundo tá feliz e contente, a tia Lucélia está com algumas dificuldades financeiras, mas ela tá começando a fazer bolos e salgadinhos pra vender, você sabe como ela cozinha bem não é?
- E como. Mas mãe não deu já o interrogatório?
- Só mais uma pergunta. Por favor?
- Tá bom mãe só mais uma...
- E os gatinhos, andam aparecendo alguns por aqui?
- Mãe! Pelo jeito você está louca pra me ver namorando não é?
- Claro. Eu quero conhecer meus netos e bisnetos ainda...
- Calma aí mãe, eu só tenho 20 anos.
- Então, na tua idade eu já estava noiva do seu pai. – Desculpem a interrupção, mas, por favor, né quem nunca ouviu essa frase da mãe ou do pai, ou pior ainda da avó que sempre diz ai que juventude hoje em dia, fica o dia inteiro no computador, não sabe mais pescar... Na minha época nem existia computador ainda e a gente sobrevivia, agora deixar um adolescente ou jovem do século XXI sem um troço daqueles, Deus me livre, não sabe mais o que fazer...  Voltando ao assunto... – Menina esperta você heim? Pensou que ia se livrar de responder minha pergunta? Mas nem que a vaca tuça (?!?!?), então como vão os gatinhos da redondeza? – É a mãe da Gabi era meio diferente mesmo, um pouco mais animada e... vamos dizer com espírito jovial. Todos gostavam dela, ela tinha lá seus 44 anos, mas tinha um ar alegre e divertido e pra falar  a verdade, nem parecia ter essa idade, algumas pessoas davam 30 anos pra ela não é a toa que Gabi era tão linda.
- Então mãe, sabe como que é né?
- Não sei. Me conta...
- As coisas por aqui não andam muito bem não, só teve um  que apareceu no grupo de jovens esses dias.
- Quem? Você conversou com ele? Ele é legal? Usa um perfume bom?
- Perfume mãe?
- É, quando eu comecei a namorar com teu pai ele usava um perfume tão boom.
- Tá mãe, o nome dele é Rafael, se você quiser mais informações pergunte à Larissa, foi ela quem o fisgou primeiro.
- Eu escutei meu nome? – perguntou Lari entrando com o pote de brigadeiro pronto na mão.
- Escutou sim. Eu estou querendo saber mais informações sobre um tal de Rafael. Sabe quem que é?
- É claro que sei dona Jacke. O menino que veio pela primeira vez no último grupo de jovens.
- E você pode me dar algumas informações sobre ele?
- Bem ele é alto, loiro, olhos azuis, simpático, legal, vem do Mato Grosso do Sul também, ah também não sei muitas coisas sobre ele, mas de uma coisa eu sei, vale a pena investir nele.
- Investir, agora você vai abrir uma ação na bolsa de valores: Rafael e vai investir tudo o que você tem nele.
- É, nunca tinha pensado dessa forma mas é de certa forma é isso.
- Cuidado Lari, ás vezes a propaganda da ação pode ser enganosa, ou você pode investir tanto nela e um dia ela vai desvalorizar e pra conseguir tudo o que você investiu de volta pode demorar muito e custar alguns baldes de lágrimas.
- Nossa dona Jacke, também não precisava acabar comigo assim.
- Eu não quero te magoar, mas você é quase uma filha pra mim e se alguma coisa tivesse acontecido com você sem eu avisar, me sentiria culpada.
- tudo bem eu estava só brincando. Obrigada pelo conselho, vou tentar me frear um pouco e ir investindo pouco a pouco nessa ação.